Saúde:
1. Beba muita água;
2. Coma ao café da manhã como um rei, ao almoço como um príncipe e ao jantar como um pedinte;
3. Coma o que nasce em árvores e plantas, e menos comida produzida em fábricas;
4. Viva com os 3 E’s: Energia, Entusiasmo e Empatia;
5. Arranje tempo para orar;
6. Jogue mais jogos;
7. Leia mais livros do que já leu;

8. Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;
9. Durma 8 horas por dia;
10. Faça caminhadas de 20-60 minutos por dia, e enquanto caminha sorria.

Personalidade:
11. Não compare a sua vida a dos outros. Ninguém faz idéia de como é a caminhada dos outros;
12. Não tenha pensamentos negativos ou coisas de que não tenha controle;
13. Não se exceda. Mantenha-se nos seus limites;
14. Não se torne demasiadamente sério;
15. Não desperdice a sua energia preciosa em fofocas;
16. Sonhe mais;
17. Inveja é uma perda de tempo. Tem tudo que necessita….
18. Esqueça questões do passado. Não lembre seu parceiro dos seus erros do passado. Isso destruirá a sua felicidade presente;
19. A vida é curta demais para odiar alguém. Não odeie.
20. Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;
21. Ninguém comanda a sua felicidade a não ser você;
22. Tenha consciência que a vida é uma escola e que está nela para aprender. Problemas são apenas parte do curriculum, que aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra, mas as lições que aprende, perduram uma vida inteira;
23. Sorria e gargalhe mais;
24. Não necessite ganhar todas as discussões. Aceite também a discordância;

Sociedade:
25. Entre mais em contato com sua família;
26. Dê algo de bom aos outros diariamente;
27. Perdoe a todos por tudo;
28. Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;
29. Tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia;
30. Não te diz respeito o que os outros pensam de você;
31. O seu trabalho não tomará conta de você quando estiver doente. Os seus amigos o farão. Mantém contato com eles.

A Vida:
32. Faça o que é correto;
33. Desfaça-se do que não é útil, bonito ou alegre;
34. DEUS cura tudo;
35. Por muito boa ou má que a situação seja…. Ela mudará…
36. Não interessa como se sente, levanta, se arruma e aparece;
37. O melhor ainda está para vir;
38. Quando acordar vivo de manhã, agradeça a DEUS pela graça.
39. Mantenha seu coração sempre feliz.

Por último:
40. Compartilha com aqueles que você ama!

“Escreve as ofensas na areia e os benefícios no mármore”

{Benjamin Franklin}

O Poder dos Quietos

Publicado: 18/06/2012 em Coisas da Vida, Humanos

“O amor é essencial; a sociabilidade é opcional. Valorize aqueles mais próximos e queridos para você. Trabalhe com colegas de quem goste e a quem respeite, e não se preocupe em socializar com todos os outros. Relacionamentos deixam todos mais felizes, inclusive introvertidos, mas pense mais na qualidade do que na quantidade. O segredo da vida é colocar a si mesmo sob a luz certa. Para alguns são os holofotes da Broadway; para outros, uma escrivaninha iluminada.

Descubra qual deve ser a sua contribuição para o mundo e assegure-se de contribuir. Se para isso for necessário falar em público ou desempenhar outras atividades que o deixam desconfortável, faça assim mesmo. Mas aceite que são atividades difíceis, treine o necessário para facilitá-las e recompense a si mesmo quando terminar.

Aqui está a regra para eventos de networking: uma nova relação realmente boa e honesta vale uma dezena de cartões de visita.

Passe seu tempo livre como quiser, não da maneira que acha que deve. Fique em casa no ano-novo se é o que o deixa feliz. Falte a uma reunião. Atravesse a rua para evitar conversar banalidades com conhecidos aleatórios. Faça um acordo consigo de que irá a um certo número de eventos sociais em troca de não se sentir culpado quando faltar.

Se seus filhos são quietos, ajude-os a fazer as pazes com novas situações e novas pessoas, mas também os deixe serem eles mesmos. Deleite-se com a originalidade de suas mentes. Orgulhe-se da força de suas consciências e da lealdade de suas amizades. Não espere que eles apenas sigam a correnteza. Encoraje-os, em vez disso, a seguir suas paixões.

Se você for um gerente, lembre-se de que parte da sua mão de obra é introvertida, quer pareça, quer não. Pense duas vezes na maneira como dispõe o escritório de sua empresa. Não espere que introvertidos fiquem empolgados com escritórios abertos, festas de aniversário na hora do almoço, ou viagens de construção de equipe.

Quem quer que você seja, tenha em mente que as aparências enganam. Algumas pessoas agem como extrovertidos, mas o esforço custa-lhes a energia, a autenticidade e até a saúde física. Outros parecem distantes e reclusos, mas suas paisagens interiores são ricas e cheias de atividades.

Sabemos pelos mitos e contos de fadas que há muitos tipos de poderes diferentes no mundo. O truque não é ter todos os tipos de poder disponíveis, mas usar bem o que você recebeu. Aos introvertidos é oferecida a chave para jardins privados cheios de riquezas. Possuir essa chave é cair como Alice no buraco do coelho. Ela não escolheu ir para o País das Maravilhas – mas transformou isso numa aventura que era nova, fantástica e pessoal”.

(O poder dos Quietos, Susan Cain, editora Agir).

Beleza da vida

Publicado: 18/06/2012 em Coisas da Vida

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Sabino)

Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso. (Charles Chaplin)

Loucos e santos

Publicado: 15/02/2012 em Coisas da Vida, Humanos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam … dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Força interior

Publicado: 03/02/2012 em Vivendo e Aprendendo

“Reagir ao menor sinal de provocação não é um sinal de força, mas a falta de habilidade para tolerar. Quanto mais forte você é, menos você será perturbado por adversidades ou oposição. Assim como o oceano absorve tudo que vem até ele, aquele que é forte aceita tranqüilamente os altos e baixos da vida. É dito que os recipientes vazios fazem mais barulho do que os cheios. Da mesma forma, violência é o instrumento daqueles que estão vazios internamente. Aqueles que absorveram a essência da espiritualidade nunca usarão a violência, porque eles sabem que a verdade nunca pode ser derrotada pela força.”

Brahma Kumaris

Ser um

Publicado: 05/01/2012 em Coisas da Vida

Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.

[Fernando Pessoa]

A insatisfação feminina pode ser doença ou provocação. Doença, na histérica imobilizada em sua eterna e repetitiva queixa ao outro, para que lhe restitua aquilo que lhe faltou. Provocação, na sua exigência de uma satisfação além do limite comum, que não se contenta com os troféus que os homens lhe exibem para acalmá-la, pedindo ainda mais, mais além das evidências. Se não fossem essas mulheres, atenção, disse mulheres, não histéricas – não são sinônimos – ainda estaríamos na idade da pedra, com os homens sentados em roda ao redor da fogueira, como hoje fazem ao redor de uma mesa de chope, elogiando mutuamente seus belos tacapes.

Mulheres insatisfeitas, de desejos insatisfeitos, querem novidade, mudança; homens satisfeitos, de desejos impossíveis, querem o mesmo, a segurança da repetição. E assim ficam juntos até o dia em que finalmente se entenderem…

[Jorge Forbes]

Escolha a melhor parte

Publicado: 02/12/2011 em Humanos

“Somos implacáveis na crítica e extremamente reticentes e lacônicos no elogio. Racionamos carinho e empreendemos esforços mirabolantes em ferir (até mesmo com o silêncio). Parece que temos uma vergonha tremenda de ser feliz e de fazer o outro feliz. Qual é o sentido de escolher viver um amor mendigo quando temos ao nosso dispor a realeza dos afetos?”

[Fabrício Carpinejar]

Então, o que é amar verdadeiramente?
J-A Miller: Amar verdadeiramente alguém é acreditar que, ao amá-lo, se alcançará a uma verdade sobre si. Ama-se aquele ou aquela que conserva a resposta, ou uma resposta, à nossa questão “Quem sou eu?”.

Por que alguns sabem amar e outros não?
J-A Miller: Alguns sabem provocar o amor no outro, os serial lovers – se posso dizer – homens e mulheres. Eles sabem quais botões apertar para se fazer amar. Porém, não necessariamente amam, mas brincam de gato e rato com suas presas. Para amar, é necessário confessar sua falta e reconhecer que se tem necessidade do outro, que ele lhe falta. Os que crêem ser completos sozinhos, ou querem ser, não sabem amar. E, às vezes, o constatam dolorosamente. Manipulam, mexem os pauzinhos, mas do amor não conhecem nem o risco, nem as delícias.

“Ser completo sozinho”: só um homem pode acreditar nisso…
J-A Miller: Acertou! “Amar, dizia Lacan, é dar o que não se tem”. O que quer dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro. Não é dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que vai além de si mesmo. Para isso, é preciso se assegurar de sua falta, de sua “castração”, como dizia Freud. E isso é essencialmente feminino. Só se ama verdadeiramente a partir de uma posição feminina. Amar feminiza. É por isso que o amor é sempre um pouco cômico em um homem. Porém, se ele se deixa intimidar pelo ridículo, é que, na realidade, não está seguro de sua virilidade.

Amar seria mais difícil para os homens?
J-A Miller: Ah, sim! Mesmo um homem enamorado tem retornos de orgulho, assaltos de agressividade contra o objeto de seu amor, porque esse amor o coloca na posição de incompletude, de dependência. É por isso que pode desejar as mulheres que não ama, a fim de reencontrar a posição viril que coloca em suspensão quando ama. Esse princípio Freud denominou a “degradação da vida amorosa” no homem: a cisão do amor e do desejo sexual.

{Entrevista realizada por Hanna Waar ao psicanalista Jacques-Alain Miller}

Sobre o caráter

Publicado: 27/11/2011 em Humanos, Pérolas

“Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” (Abraham Lincoln)

“Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é.” (John Wooden)

“O caráter pode se manifestar nos grandes momentos, mas ele é formado nos pequenos.” (Phillips Brooks)

“A simplicidade de caráter é o resultado natural da profundez de pensamento.” (William Hazlitt)

“Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter.” (Martin Luther King)

“Os sonhos são os parâmetros do nosso caráter.” (Henry David Thoreau)

Frases de Freud

Publicado: 24/11/2011 em Coisas da Vida, Pérolas

“Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.”

“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.”

“Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!”

“Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos.”

“O homem é dono do que cala e escravo do que fala.”

“Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim.”

“As grandes coisas podem ser reveladas através de pequenos indícios.”

“Não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida.”

“Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda.”

Ódio ao sucesso

Publicado: 22/11/2011 em Humanos

Fazer sucesso é muito perigoso para quem faz e para quem aplaude. Para este, para o público – o honorável público – alguém fazer sucesso é prova da possibilidade de ir além do lugar comum, da repetição, da virtude fácil. Quem faz sucesso incomoda independente do tamanho da platéia: desde a pequena comunidade de uma família, o irmão que faz sucesso paga caro pela ousadia.

O sucesso também é perigoso para quem o alcança: ele gera uma crise de identidade, fácil de compreender. Quem faz sucesso se destaca – falamos em obter “destaque” – se destaca do que? Do grupo, da sua comunidade, e como a identidade humana se estrutura na relação com o outro, o semelhante, o bem sucedido entra em crise. Daí a máscara que alguns têm como única solução, vide os mascarados Romários e Ronaldos.

Chegar ao sucesso é um problema; suportá-lo, sim, suportá-lo é um problema muito maior. Depende da pessoa conseguir passar a estruturar a sua identidade no seu desejo e não mais no olhar do outro. Jackson e Tyson não conseguiram; Pelé conseguiu, apesar das lágrimas e não por causa delas. A cura do ódio ao sucesso não se vende em farmácias.

{Jorge Forbes}

Assim mesmo

Publicado: 18/11/2011 em Coisas da Vida, Deus e a Humanidade

Muitas vezes as pessoas
são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil,
as pessoas podem acusá-lo de interesseiro.
Seja gentil assim mesmo.

Se você é um vencedor,
terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.

Se você é honesto e franco,
as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto e franco assim mesmo.

O que você levou anos para construir,
alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz,
as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.

O bem que você faz hoje,
pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você,
mas isso pode não ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que, no final das contas,
é tudo entre você e Deus.

[Madre Tereza de Calcutá]

Você precisa de terapia quando acha que é o centro do universo. Para o bem {quando todos reconhecem seu valor, mas você passa a achar que é indispensável para o mundo e para as pessoas} e para o mal {quando acha que todos estão preocupados com a sua existência, querendo te derrubar ou estão ávidos por suas quedas e fica paranóico}.

Achar que é o centro do universo é o mesmo que achar que o outro está ligado em você o tempo todo {ou deveria estar}. É achar que tudo o que o outro faz e diz é voltado para você, pensando em você.

Se todas as suas ações tem por trás uma motivação oculta de agradar aos outros.

Se você acha que o seu chefe, o seu vizinho, o seu marido, o seu filho, a sua mãe, o papagaio, o motorista de táxi te oprimem e te deixam se sentindo um lixo. Creia, só você tem esse poder! Os outros podem até apertar o botão do start, mas, a sensação de ser um lixo, já estava lá.

Quer mudar o mundo {leia: as pessoas que te cercam}? Comece por você.

Você precisa de terapia se vive pensando que a vida seria bem mais fácil se todas as pessoas que te cercam fossem diferentes: mais compreensivas, menos críticas, mais carinhosas, mais pacientes. Quer dizer que se os outros não mudarem a sua vida será um inferno para sempre?

Se acha que só será feliz depois de alcançar um objetivo: arranjar um namorado, casar, ter filhos, ficar rico, ficar famoso, ser promovido, ser reconhecido, ouvir ‘eu te amo’.

Se depois de ouvir um ‘não’ da vida tem dificuldade de levantar a cabeça e seguir adiante.

Se sempre arruma uma desculpa para não agir em prol de um sonho e coloca mil problemas e desculpas esfarrapadas no próprio caminho. O nome disso é auto-sabotagem.

Se acredita que o grande problema da sua vida está na maneira como você foi criado. Lembre-se: o importante não é o que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós’ {Sartre}.

Se sente culpa quando não consegue atender as demandas dos outros e/ou é obrigado a dizer ‘não’.

Oui, oui, o inferno são os outros, Sartre tinha toda razão. Para alcançar o céu é preciso se libertar da referência do outro. Não agir esperando algo do outro, nem acreditar que o outro age em nossa função.

Por fim, precisa de terapia quem acha que o bem-estar, a alegria, o sentimento de comunhão, está fora, está no mundo, no outro, e não na capacidade de se aceitar e bancar as próprias escolhas.

Obs.: Terapia não é coisa para maluco. Terapia é coisa para quem enjoou de ser como é mas não sabe como ser diferente. É para quem deseja se tornar quem é.

[Mônica Montone]

O que será de ti?

Publicado: 10/11/2011 em Humanos

O que será de ti, Homem, se um inseto é bastante para estraçalhar-te a paz?
[DeRose]

Tenho um amigo – todo mundo tem um — que costumava maltratar as mulheres, embora fosse um perfeito cavalheiro. A técnica de cativeiro era simples, e de forma alguma premeditada.

Depois de uma ou duas transas perfeitas, quando a moça estava de pernas bambas e coração mole, ele avisava: não se apaixone, eu não estou disponível. Não quero namorar, amo outra mulher, preciso do meu espaço, ele dizia. Tudo verdade, tudo sincero, tudo às claras, e o efeito era o contrário do que ele (supostamente) pretendia: as moças alucinavam.

Na impossibilidade de ter, queriam. Na impossibilidade de estar com ele, não desejavam mais ninguém. Ficavam obcecadas. Ele deixava as mulheres histéricas e, paradoxalmente, felizes.

O contrário dessa história é a do babão. Todas as mulheres falam dele. É o sujeito meloso que telefona, presenteia, cuida, se declara repetidas vezes. Isso sufoca, dizem as moças. É como se esse homem estivesse fora do seu lugar natural, digo eu. Ele não cria dificuldade. Ele não causa dor nem confusão. Ele não serve.

Uma passada de olhos na literatura vai mostrar que desde Julien Sorel, de O Vermelho e o Negro, os grandes sedutores são homens incontroláveis, quase inacessíveis, a quem as mulheres se submetem felizes. E seu oposto é o homem apaixonado que corteja inutilmente a heroína.

Esses clichês devem ter alguma correspondência na realidade. Sua existência sugere que a cultura feminina idealiza um macho arisco e conturbado. E uma fêmea expectante, insegura. Será assim? Não sei. Mas sei que as minhas amigas, sistematicamente, parecem sofrer com homens que não as desejam. E dão pouca atenção aos homens que sonham com elas. Se a minha amostragem não é muito ruim, é a receita perfeita da infelicidade.

Autor: Ivan Martins

Amor discreto

Publicado: 31/10/2011 em Humanos, Pérolas

O amor espalhafatoso recebe a fama, mas o amor contido é o mais profundo. Ao procurar o amor empresarial, desprezamos o amor funcionário público, que atende às ligações e escreve nossos memorandos. Ao perseguir o amor de cinema, desdenhamos o amor de teatro, de quem encena a peça todo dia ao nosso lado, sempre com uma interpretação nova a partir das falas iguais.

Ao cobiçar o amor sensual de lareira e restaurante, apagamos a delícia de comer direto nas panelas, sem pratos, sem medo do garçom. Ao perseguir a aventura, negamos a permanência. Preocupados em ser reconhecidos mais do que amar, esquecemos a verdade pessoal e despojada do nosso relacionamento. Recusamos o amor constante, o amor cúmplice.

Não valorizamos a passionalidade silenciosa, a passionalidade humilde, a passionalidade generosa, a passionalidade tímida, a passionalidade artesanal. O passional pode ser discreto na aparência e prático na ternura. O amor mais contundente é o que não precisa ser visto para existir. E continuará sendo feito apesar de não ser reparado.

O amor real é secreto. É conservar um pouco de amor platônico dentro do amor correspondido. É reservar as gavetas do armário mais acessíveis para as roupas dela, é deixar que sua mulher tome a última fatia da pizza que você mais gosta, é separar as roupas de noite para não acordá-la de manhã. E nunca falar que isso aconteceu. E não jogar na cara qualquer ação. E não se vangloriar das próprias delicadezas.

Buscá-la no trabalho é o equivalente a oferecer um par de brilhantes. Esperá-la com comida pronta é o equivalente a acolhê-la com um buquê de rosas vermelhas. São demonstrações sutis, que não dá para contar para os outros, mas que contam muito na hora de acordar para enfrentar a vida.

[Fabrício Carpinejar]

Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho – esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?

Eu suspeito que não.

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa – na escola, no esporte, no escritório – levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?

Minha experiência sugere o contrário.

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?

Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?

Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.

Autor: Ivan Martins

O mundo é um enigma. Mas nós nos acostumamos a esse enigma quando crescemos. Até que ao final não nos acontece mais absolutamente nada enigmático. O mundo torna-se constante e previsível. E precisamos refletir profundamente para destituir o mundo de sua aparente compreensibilidade. Precisamos nos aprofundar intensamente em nós mesmos se quisermos vivenciar o mundo como mistério. Não é engraçado?

O único e verdadeiro mistério é aquele que vemos. Mas é o único que não é mencionado. Isso diz respeito a todas as pessoas. Mas não é tema de conversa. Nada é tão obscuro quanto o que é cristalino. Nada é tão oculto quanto o que vivemos em cada um dos nossos dias.

Aqui despertamos num globo terrestre no Universo. Num globo flutuante. Uma esfera mágica. Com lagos, flores e montanhas. E uma pitada de vida em todas as formas e tamanhos. Aqui a matéria espalha-se pelo campo. Aqui ela desponta do solo entre pedras e árvores. Aqui ela fervilha em rios e lagos. Aqui ela tremula no ar entre o céu e a terra. E mais ainda, a matéria neste misterioso planeta é consciente de si mesma.

E, apesar de tudo, depois é assim… Nos acostumamos a tudo o que está à nossa volta e agimos como se tivesse que ser assim. Consideramos a vida neste planeta a forma mais racional de existência. Talvez ainda consideremos os dinossauros algo extraordinário apenas porque eles não existem mais.

O mundo vira um hábito. Tudo é inflacionado. Se começar a acontecer um milagre após o outro, ao final só poderemos ficar indiferentes. Até que chega o dia em que simplesmente não vemos mais que existe um mundo.

Uma coisa só pode parecer enigmática se contrastada com nossas expectativas. Somente nos surpreendemos ainda quando a longa série de nossas expectativas é quebrada. O mundo precisa dar uma guinada. E nós precisamos viver algo “sobrenatural” para sentir na própria pele que existimos.

[Monique Antunes]

No bolso

Publicado: 24/09/2009 em Coisas da Vida

“…um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui.”
[Caio Fernando Abreu]

Sempre eu mesma, mas nunca a mesma

Publicado: 14/08/2009 em Humanos

É curioso como não sei dizer quem sou.
Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo…

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.

Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.

Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.

Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão…

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

. Clarice Lispector .

Metamorfose

Publicado: 18/07/2009 em Deus e a Humanidade, Vida Cristã

Quando pedimos algo a Deus, há coisas que devem ser removidas primeiro do caminho para que a unção possa ser liberada. Coisas que Deus deixou passar anteriormente agora não são mais permitidas. Simplesmente porque não podemos andar na carne e na hora de exercer nosso dom ministerial tentar entrar no espírito rapidamente. Agindo assim, não haverá nenhum poder, nenhuma unção. Por este motivo, Deus sempre busca alguém que tenha um coração perfeito em relação a ele; não necessariamente alguém que tenha um coração perfeito diante dele. E quando o Senhor tem o coração, ele sempre pode mudar o comportamento. Por isso, ao colocar o seu coração no altar e permitir-se ser transformado, não fique de luto pelo que tem de acabar ou ser deixado de lado, mas alegre-se pelo que está chegando! É o novo de Deus.

(Joyce Meyer)

*

“Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.” (Mateus 9:16-17)

Viajar

Publicado: 15/05/2009 em Coisas da Vida, Humanos, Vivendo e Aprendendo

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV.

Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto.

Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser.

Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

[Amir Klink]

Pescadores de almas

Publicado: 15/05/2009 em Vida Cristã

“Nada mais te compete fazer além de salvar almas. Portanto, gasta-te e deixa-te gastar nessa obra. Tua tarefa não é pregar tantas vezes; tua obrigação é salvar tantas almas quantas puderes; conduzir tantos pecadores quantos te for possível ao arrependimento; depois, com todas as tuas forças, edificá-los na santidade, sem a qual ninguém verá jamais ao Senhor.”

(“As Dozes Regras” – João Wesley)

“Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos. Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”

[Nietzsche]

Desespero

Publicado: 16/11/2008 em Coisas da Vida, Humanos

No fim da vida, a maioria dos homens percebe, surpresa, que viveu provisoriamente e que as coisas que largou como sem graça ou sem interesse eram, justamente, a vida.
E assim, traído pela esperança, o homem dança nos braços da morte.

[Monique Antunes]

“O que a mim me concerne o Senhor levará a bom termo…” (Sl. 138.8)

Há no sofrimento um mistério divino, sim, um poder estranho e sobrenatural, que nunca foi penetrado pela razão humana. Não há alma que não tenha conhecido grande santidade, que também não tenha passado por grande sofrimento. Quando a alma chega ao ponto calmo e doce de não abrigar preocupações, quando ela pode ter no íntimo um olhar suave para com a própria dor e nem sequer pede a Deus para livrá-la do sofrimento, então o sofrimento já cumpriu seu bendito ministério; então a paciência concluiu sua obra perfeita; então a crucificação começa a transformar-se em coroa.

[Lettie Cowman]

“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor…” (Fp. 3.8)

Se você quer vir a salvar outros, não pode salvar-se a si mesmo. Se quer dar muito fruto, precisa ser sepultado em trevas e solidão. Meu coração treme ao ouvir estas coisas. Mas se Jesus me pede isto, possa eu dizer a mim mesmo como é sublime entrar na comunhão dos seus sofrimentos; e estarei na melhor das companhias. E possa eu ainda dizer a mim mesmo que tudo isso tem por fim tornar-me em vaso idôneo para seu uso. O Calvário dEle floresceu e frutificou; assim será com o meu também. Abundância sairá da dor; vida, da morte. Não é essa a lei do Reino?

[Lettie Cowman]

Poder do Teu amor

Publicado: 28/07/2008 em Deus e a Humanidade

Senhor eis-me aqui
Vem transformar meu ser
No fluir da graça que encontrei em Ti
Senhor descobri
Que as fraquezas que há em mim
Podem ser vencidas no poder do Teu amor

Junto a Ti, Teu amor me envolve
Atrai-me para ao Teu lado estar
Espero em Ti e subo como águia
Nas asas do Espírito contigo voarei
No poder do Teu amor

Face a face quero ver-te meu Senhor
E conhecer o Amor que habita em mim
Vem renovar minha mente em Teu querer
Meus dias viverei no poder do Teu amor

Junto a Ti, Teu amor me envolve
Atrai-me para ao Teu lado estar
Espero em Ti e subo como águia
Nas asas do Espírito contigo voarei
No poder do Teu amor

Nas asas do Espírito contigo voarei
No poder do Teu amor

[Versão traduzida da música The power of Your love]

Amigo aprendiz

Publicado: 26/07/2008 em Coisas da Vida, Pérolas

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu possa.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias…

[Fernando Pessoa]

Salvação da alma

Publicado: 18/07/2008 em Deus e a Humanidade

“…que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”

[Mateus 16:26]

*

Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que crê em mim tem a vida eterna.”
[João 6:47]

Certa vez, Theodore Parker (1810-1860) descreveu uma tempestade no fim da primavera, que ocasionou a descoberta das minas de ouro na Índia:

“Estava tudo escuro, exceto onde o relâmpago cortava o céu. O vento sibilava e as águas caíam, diluviais. Que devastação! Mas não demorou muito, os relâmpagos cessaram, os raios silenciaram, a chuva parou, as nuvens se foram com o vento manso e apareceu o arco-íris. Então, durante várias semanas, os campos ficaram cobertos de flores e, por todo o verão, a grama esteve mais verde, os ribeiros mais cheios e as árvores mais frondosas tudo porque a tempestade havia passado por ali”.

Gosto muito desse texto porque mostra como uma terrível tempestade pode revelar as mais belas expressões da vida. Acho que as lutas que enfrentamos têm o mesmo efeito que as tempestades na natureza.

Embora muitas vezes o nosso céu pareça escuro e tenhamos a sensação de que o vento e a chuva estão fortes demais, a ponto de destruir tudo, é possível aquietar nossa alma e acreditar que toda a agitação e desordem vão passar. E o mais importante: depois da aparente devastação, virão as flores, a grama verde, os ribeiros mais cheios e as árvores mais frondosas. Há uma mensagem de renascimento nisso tudo.

Acho que podemos entender que, quando a tempestade nos atinge, significa que algo de novo virá em nossa vida. Por isso, não fique angustiado quando as coisas parecerem fora de controle. Se você quiser, Deus poderá coordenar você como faz com a natureza, deixando tudo mais belo, depois. A experiência, em vez de traumatizá-lo, pode servir para fortalecê-lo.

[Ana Paula Valadão Bessa]

Publicado: 22/06/2008 em Vida Cristã

“A vida humana é apenas uma gota existencial na perspectiva da eternidade.”

[Augusto Cury]

Seja

Publicado: 19/06/2008 em Pérolas, Vivendo e Aprendendo

Triste, mas não amargo.
Introspectivo, mas não solitário.
Crítico, mas não azedo.
Cético, mas não cínico.
Complicado, mas não intolerável.
Sincero, mas não inconveniente.
Veemente, mas não agressivo.
Grave, mas não colérico.
Alegre, mas não leviano.

(Ricardo Gondim)

Você sabe por quê o mar é tão grande, tão imenso e tão poderoso? É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios. Sabendo receber, tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro; centímetros acima de todos os rios, não seria mar, mas sim uma ilha. Toda sua água iria para os outros e estaria isolado. A perda faz parte, a queda faz parte, a morte faz parte.

É impossível vivermos satisfatoriamente. Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.

Impossível andar sem saber cair, acertar sem saber errar e viver sem saber viver. Se aprender a perder, a cair e a errar, ninguém mais o controlará. Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder. E isto você já sabe. Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte.

[Paulo Gaefke]

1) Antes de tudo, observa tuas horas constantes de oração a Deus, diariamente. O homem piedoso é homem “separado” (Sl 4.3), não apenas porque Deus o separou por eleição, mas também porque ele mesmo se separa por devoção. Inicia o dia com Deus, visita-O pela manhã, antes de fazeres qualquer outra coisa. Lê as Escrituras, pois elas são, ao mesmo tempo, um espelho que mostra as tuas manchas e um lavatório onde podes branquear essas máculas. Adentra ao céu diariamente, em oração.

2) Coleciona bons livros em casa. Os livros de qualidade são como fontes que contêm a água da vida, com a qual poderás refrigerar-te. Quando descobrires um arrepio de frio em tua alma, lê esses livros, onde poderás ficar familiarizado com aquelas verdades que aquecem e afetam o coração.

3) Tem cuidado com as más companhias. Evita qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem; mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente transmissível. Visto não podermos melhorar os outros, ao menos tenhamos o cuidado de que eles não nos façam piores. Está escrito acerca do povo de Israel que “se mesclaram com as nações e lhes aprenderam as obras” (Sl 106.35). As más companhias são as redes de arrastão do diabo, com as quais arrasta milhões de pessoas para o inferno. Quantas famílias e quantas almas têm sido arruinadas pelas más companhias!

4) Cuidado com o que ouves. Existem certas pessoas que, com seus modos sutis, aprendem a arte de misturar o erro com a verdade e de oferecer veneno em uma taça de ouro. Nosso Salvador, Jesus Cristo, aconselhou-nos: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores” (Mt 7.15). Sê como aqueles bereanos que examinavam as Escrituras, para verificar se, de fato, as coisas eram como lhes foram anunciadas (At 17.11). Aos crentes é mister um ouvido discernidor e uma língua crítica, que possam distinguir entre a verdade e o erro e ver a diferença entre o banquete oferecido por Deus e o guisado colocado à sua frente pelo diabo.

5) Segue a sinceridade. Sê o que pareces ser. Não sejas como os remadores, que olham para um lado e remam para outro. Não olhes para o céu, com tua profissão de fé, para, então, remar em direção ao inferno, com tuas práticas. Não finjas ter o amor de Deus, ao mesmo tempo que amas o pecado. A piedade fingida é uma dupla iniqüidade. Que teu coração seja reto perante Deus. Quanto mais simples é o diamante, tanto mais precioso ele é; e quanto mais puro é o coração, maior é o valor que Deus dá à sua jóia. O salmista disse sobre Deus: “Eis que te comprazes na verdade no íntimo” (Sl 51.6).

6) Nunca te esqueças da prática do auto-exame. Estabelece um tribunal em tua própria alma. Tem receio tanto de uma santidade mascarada quanto de ires para um céu pintado. Julgas-te bom porque outros assim pensam de ti? Permite que a Palavra seja um ímã com o qual provarás o teu coração. Deixa que a Palavra seja um espelho, diante do qual poderás julgar a aparência de tua alma. Por falta de autocrítica, muitos vivem conhecidos pelos outros, mas morrem desconhecidos por si mesmos. “De noite indago o meu íntimo”, disse o salmista (Sl 77.6).

7) Mantém vigilância quanto à tua vida espiritual. O coração é um instrumento sutil, que gosta de sorver a vaidade; e, se não usarmos de cautela, atrai-nos, como uma isca, para o pecado. O crente precisa estar constantemente alerta. Nosso coração se assemelha a uma “pessoa suspeita”. Fica de olho nele, observa o teu coração continuamente, pois é um traidor em teu próprio peito. Todos os dias deves montar guarda e vigiar. Se dormires, aí está a oportunidade para as tentações diabólicas.

8] O povo de Deus deve reunir-se com freqüência. As pombas de Cristo devem andar unidas. Assim, um crente ajudará a aquecer ao outro. Um conselho pode efetuar tanto bem quanto uma pregação. “Então, os que temiam ao SENHOR falavam uns aos outros” (Ml 3.16). Quando um crente profere a palavra certa no tempo oportuno, derrama sobre o outro o óleo santo que faz brilhar com maior fulgor a lâmpada do mais fraco. Os biólogos já notaram que há certa simpatia entre as plantas. Algumas produzem melhor quando crescem perto de outras plantas. Semelhantemente, esta é a verdade no terreno espiritual. Os santos são como árvores de santidade. Medram melhor na piedade quando crescem juntos.

9) Que o teu coração seja elevado acima do mundo. “Pensai nas coisas lá do alto” (Cl 3.2). Podemos ver o reflexo da lua na superfície da água, mas ela mesma está acima, no firmamento. Assim também, ainda que o crente ande aqui em baixo, o seu coração deve estar fixado nas glórias do alto. Aqueles cujos corações se elevam acima das coisas deste mundo não ficam aprisionados com os vexames e desassossegos que outros experimentam, mas, antes, vivem plenos de alegria e de contentamento.

10) Consola-te com as promessas de Deus. As promessas são grandes suportes para a fé, que vive nas promessas do mesmo modo que o peixe que vive na água. As promessas de Deus são quais balsas flutuantes que nos impedem de afundar, quando entramos nas águas da aflição.

11) Não sejas ocioso, mas trabalha para ganhar o teu sustento. Estou certo de que o mesmo Deus que disse: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”, também disse: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra”. Deus jamais apoiou qualquer ociosidade. Paulo observou: “Estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão” (2 Ts 3.11-12).

12) Ajunta a primeira tábua da Lei à segunda, isto é, piedade para com Deus e eqüidade para com o próximo. O apóstolo Paulo reúne essas duas idéias, em um só versículo: “Vivamos, no presente século… justa e piedosamente” (Tt 2.12). A justiça se refere à moralidade; a piedade diz respeito à santidade. Alguns simulam ter fé, mas não têm obras; outros têm obras, mas não têm fé. Alguns se consideram zelosos de Deus, mas não são justos em seus tratos; outros são justos no que fazem, mas não têm a menor fagulha de zelo para com Deus.

13) Em teu andar perante os outros, une a inocência à prudência. “Sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16). Devemos incluir a inocência em nossa sabedoria, pois doutro modo tal sabedoria não passará de astúcia; e precisamos incluir sabedoria em nossa inocência, pois do contrário nossa inocência será apenas fraqueza. Convém que sejamos tão inofensivos como as pombas, para que não causemos danos aos outros, e que tenhamos a prudência das serpentes, a fim de que os outros não abusem de nós nem nos manipulem.

14) Tenha mais medo do pecado que dos sofrimentos. Sob o sofrimento, a alma pode manter-se tranqüila. Porém, quando um homem peca voluntariamente, perde toda a sua paz. Aquele que comete um pecado para evitar o sofrimento, assemelha-se ao indivíduo que permite sua cabeça ser ferida, para evitar danos ao seu escudo e capacete.

15) Foge da idolatria. “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21). A idolatria consiste numa imagem de ciúme que provoca a Deus. Guarda-te dos ídolos e tem cuidado com as superstições.

16) Não desprezes a piedade por estar sendo ela perseguida. Homens ímpios, quando instigados por Satanás, vituperam, maliciosamente, o caminho de Deus. A santidade é uma qualidade bela e gloriosa. Chegará o tempo quando os iníquos desejarão ver algo dessa santidade que agora desprezam, mas estarão tão removidos dela como agora estão longe de desejá-la.

17) Não dá valor ao pecado por estar atualmente na moda. Não julga o pecado como coisa apreciável, só porque a maioria segue tal caminho. Pensamos bem sobre uma praga, só porque ela se torna tão generalizada e atinge a tantos? “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5.11).

18] No que diz respeito à vida cristã, serve a Deus com todas as tuas forças. Deveríamos fazer por nosso Deus tudo quanto está no nosso alcance. Deveríamos servi-Lo com toda a nossa energia, posto que a sepultura está tão perto, e ali ninguém ora nem se arrepende. Nosso tempo é curto demais, pelo que também o nosso zelo de Deus deveria ser intenso. “Sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).

19) Faze aos outros todo o bem que puderes, enquanto tiveres vida. Labuta por ser útil às almas de teus semelhantes e por suprir as necessidades alheias. Jesus Cristo foi uma bênção pública no mundo. Ele saiu a fazer o bem. Muitos vivem de modo tão infrutífero, que, na verdade, suas vidas dificilmente são dignas de uma oração, como também seu falecimento quase não merece uma lágrima.

20) Medita todos os dias sobre a eternidade. Pois talvez seja questão de poucos dias ou de poucas horas – haveremos de embarcar através do oceano da eternidade. A eternidade é uma condição de desgraça eterna ou de felicidade eterna. A cada dia, passa algum tempo a refletir a respeito da eternidade. Os pensamentos profundos sobre a eterna condição da alma deveriam servir de meio capaz de promover a santidade. Em conclusão, não devemos superestimar os confortos deste mundo. As conveniências do mundo são muito agradáveis, mas também são passageiras e logo se dissipam. A idéia da eternidade deve ser o bastante para impedir-nos de ficar tristes em face das cruzes e sofrimentos neste mundo. A aflição pode ser prolongada, mas não eterna. Nossos sofrimentos neste mundo não podem ser comparados com nosso eterno peso de glória. Considerai o que vos tenho dito, e o Senhor vos dará entendimento acerca de tudo.

[Thomas Watson]

Tulipa é a minha flor preferida. Sempre foi, e nem sei ao certo o porquê. Mas que amo é fato. Ontem, sem pretensões, comecei a divagar sobre uma que ganhei na floricultura essa semana.

A tulipa é uma flor ímpar. No Brasil ela é quase rara, sendo possível ver somente no inverno, e nos países do norte, na primavera. Para cultivá-la é preciso muito cuidado. Se exposta ao calor, ela definha. Ela é uma flor simples, sem exageros. Possui um caule reto, folhas simples e poucas pétalas. A beleza da tulipa se encontra justamente na impressionante simplicidade. Ao mesmo tempo, ela não floresce o ano todo, mas quando sua flor surge, ela gera impacto. A tulipa sabe a hora certa de aparecer e de hibernar. Não quer dizer que por ela não estar em evidência que ela não exista ou que esteja morta.

Ao mesmo tempo, ao contrário do que a natureza ensina há a necessidade de estar sempre em voga, imposta pela sociedade. É preciso estar em destaque todo o tempo, de fazer coisas extraordinárias, de romper com o convencional. Se não é novidade, pouco importa. Se não está fazendo algo, então se torna dispensável. Aí me lembro de João Batista e de suas incursões pelo deserto. Ele ficava dias contemplativo, em oração, refletindo, longe da sociedade israelita. De repente, ele aparecia e aí cumpria seu papel. Logo, suas palavras ganhavam público, então novamente ele se retirava. João Batista sabia a hora de sair de cena. Jesus também era adepto dos momentos fora dos holofotes. Frequentemente Ele se retirava. Aliás, até os 30 anos quase nada sabemos dEle. Ele se resguardou, até chegar a hora de aparecer. Até então Ele simplesmente esperou.

… Acho que é por isso que amo tanto as tulipas…

[Iana Coimbra, em seu Blog]

Grandeza de caráter

Publicado: 17/05/2008 em Pérolas

A cegueira perante uma emoção é a causa dos piores males. A grandeza de caráter não consiste em não experimentar emoções; pelo contrário, estas são de ter no mais alto grau. A questão é controlá-las e, ainda assim, havendo prazer em modelá-las, em função de algo mais.

(Friedrich Nietzsche)

Leia a Bíblia

Publicado: 09/05/2008 em Deus, Deus e a Humanidade

“…Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as cousas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as cousas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.”

{1 Coríntios 1:27-29}

*

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. […] O homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”

{1 Coríntios 2: 9 e 14}

*

Publicado: 04/05/2008 em Coisas da Vida

“Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne monstro.”

(Nietzsche)

Por má sorte ou coisa do destino Joana nasceu manca. A menina de olhos vivos e bochechas rosadas passou a infância arrastando a perna sem conseguir correr ou fugir da pena refletida nos olhos das pessoas.

Na adolescência, além da perna, Joana arrastava seus sonhos como se seus passos desajeitados pudessem varrer seus desejos para debaixo de um tapete mágico: desejo de dançar uma valsa, desejo de ser beijada, desejo de ser desejada, desejo de despertar paixões e cair apaixonada. Mas Joana vivia isolada! Não queria o que lhe ofertavam: pena.

Enquanto as meninas da sua idade pintavam os lábios frescos como figo e perfumavam seus dias e cadernos de recordações com mil declarações, convites e cartões, Joana bordava pássaros em panos de prato.

Mas o tempo passou e as meninas da sua idade se transformaram em mulheres cheias de olheiras. Uma delas, Camile, se matou ao ver o grande amor partir. Catarine teve cinco filhos, engordou, foi traída e trocada pelo marido. Vitória ficou mal vista e mal falada.

No final todas acabaram como Joana: dignas de pena. Porque tanto Camile como Catarine e Vitória padeciam da mesma má sorte que Joana: o desejo de ser desejada.

Não foi a perna manca de Joana que a afastou da possibilidade do amor, mas o desejo de se ver refletida inteira, plena e perfeita, tal qual uma vitória régia boiando num lago, nos olhos de outrem.

As belas da tarde não eram mancas, mas não conseguiam caminhar depois de um “não”. E não conseguiam por falta de costume – já que a beleza é feita de infinitos sins – e porque um “não” as tornava mutiladas e fazia com que se sentissem como Joana, a manca.

O que elas não sabiam é que toda mulher tem um pouco de Joana …

Autoria: Mônica Montone, em seu Blog.

Eu sou eu, você é você.

Publicado: 01/05/2008 em Coisas da Vida

“Eu sou eu.
Você é você.
Eu não estou neste mundo para satisfazer às suas expectativas.
Você não está neste mundo para satisfazer às minhas expectativas.
Eu faço as minhas coisas.
Você faz as suas.
E quando nos encontramos é muito bom.”

[Fritz Perls]

Publicado: 01/05/2008 em Poesia

“O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.”

(Mário Quintana)

Viver junto pode ser um diálogo ou um duelo. Quando nossa vida de relacionamento é um duelo, o dia-a-dia é cheio de demandas, de ciúmes, de inveja, de lutas. No relacionamento tipo duelo, a postura é a de suplantar o outro, de vencê-lo, de mostrar sempre nossa superioridade. No duelo, as brigas não param nunca. E geram relacionamentos cansativos e tristes.

O relacionamento humano tipo diálogo é aquele que põe em prática a recomendação bíblica: “preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10). O relacionamento diálogo é aquele em que o casal não compete um contra o outro. Em lugar da competição, cooperação. Em lugar da concorrência, ajuda mútua.

Quando existe amor bíblico no coração do casal, a preocupação de cada um é honrar o outro, é reconhecer no outro todas as suas qualidades. É, também, encorajar e apoiar a auto-expressão e a auto-realização do outro.

O amor em Cristo favorece e abençoa o diálogo, o reconhecimento mútuo, a cooperação visando ao bem do outro. O amor bíblico, enfim, é aquele que aprende a honrar o ser amado.

Autoria: Pr. Olavo Feijó

Devemos olhar com tolerância toda loucura, fracasso e vício dos outros, sabendo que encaramos apenas nossas próprias loucuras, fracassos e vícios. Pois eles são os fracassos da humanidade à qual também pertencemos e assim temos todos os mesmos fracassos em nós. Não devemos nos indignar com os outros por esses vícios apenas por não aparecerem em nós naquele momento.

{Arthur Schopenhauer}

Não se engane

Publicado: 29/03/2008 em Deus e a Humanidade, Humanos

A pior coisa que existe é você mentir para si mesmo. Você consegue enganar o mundo inteiro, mas nunca consegue se esconder de si próprio. E é engraçado como a gente tenta se enganar, usando artifícios sempre, e em tudo.

E você mastiga um chiclete ou come um salgadinho, pro seu estômago parar de roncar – mas ele continua agonizando, ou então toma um refri pra fissura passar – mas a sede continua lá, tímida. E nos momentos de dor, busca algo exterior que traga alívio imediato – encontra os amigos no bar ou na balada, viaja e se diverte, beija outras bocas e se perde em amores vãos – Assim, a dor aguda parece sumir – mas a alma continua em desespero.

Nada disso é suficiente.

A curto prazo funciona, mas depois você passa a ver o quanto tudo aquilo é artificial na sua vida e que aquele real vazio não foi preenchido pois fome se mata com comida, sede se mata mesmo é com água e o alívio profundo para a dor surge apenas quando nos rendemos nos braços de Deus.

[Monique Antunes]

Do sofrimento

Publicado: 27/03/2008 em Coisas da Vida, Humanos

Sofrer não deixa de ser uma maneira de sentir-se generoso, porque somente quando sofre o Homem é capaz de se soltar de si e mirar o outro.

Sofre-se, sempre, pelo o outro, para o outro, por causa do outro.

São muitos os miseráveis que escolhem sofrer para provar que amam. Sem saber eles estão dizendo quando choram piedade:

_ Olha, me desprendi de mim por você! Me abandonei por ti! Já não sou nada, além de um monte de lixo…

Ao contrário, existem os que sofrem porque não conseguem amar, nem abandonar o outro [mãe, pai, concha do mar, irmão, vidro vazio, amigo da onça, marido, esposa, rebentos, trabalho, isqueiros]. Quando isso acontece, os sofredores ausentam-se de si para que o outro viva em seu vazio, mesmo que seja sob forma de raiva, ódio, ou qualquer sentimento que valha.

São tantos os que usam o sofrimento como salmoura para suas culpas ancestrais!! Como se a palidez de mármore fosse torná-los dignos e merecedores do reino dos céus: a aprovação alheia.

Sofrer é uma escolha, como outra qualquer. O que todos queremos é amenizar a dor do tombo, a dor do absurdo que é existir e saber que as únicas coisas que existem realmente são aquelas que não podemos explicar.

Há os que bordam azuis, escrevem poemas, constroem pontes, ensinam o alfabeto, cantam tons secretos, trançam palhas e cabelos, plantam açucenas numa manhã de abril. E há os que sofrem.

A existência acontece naquilo que criamos. Daí, se não conseguimos construir pontes ou plantar açucenas, sofremos! Sofrer é, em última – ou primeira, quem pode saber?! – instância fazer a manutenção de uma existência que já não consegue criar a própria existência.

O sofrimento é como uma capa de chuva: usamos toda vez que o tempo turva apesar de saber que ficaremos ensopados do mesmo jeito.

Dor, desespero, desamparo, medo. Quem nunca foi tragado por essas emoções que se interne no primeiro manicômio! Quem alimenta essas donas dia e noite com rações super-poderosas do tipo “eu preciso que você me ame e preciso que você precise de mim” que corra para um divã mais próximo, porque como bem disse o poeta Drummond: a dor é inevitável, mas o sofrimento opcional.

E você, sofre por quê?

[Mônica Montone, em seu Blog]

Abra a Porta

Publicado: 22/03/2008 em Deus e a Humanidade

A ciência, a Filosofia e a Psicologia sempre tentaram contestar a existência de Deus. Aos olhos de Deus a sabedoria do homem é loucura. É como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Ele deve dar risada dessa gente que quer desvendar o espaço sideral e que investe tantos bilhões em tecnologia mas que até hoje não foi capaz de acabar com a fome, com a desigualdade e que não soube amar ao próximo dando a ele o mínimo de dignidade e respeito.

Sinceramente, podem provar o que quiserem contra a existência de Deus que mesmo assim eu vou continuar a acreditar nEle. Eu não o vejo, mas eu o sinto! E Ele é vital para mim como o ar e como a água. Os homens não entendem que o essencial é invisível aos olhos.

Você pode estudar um cérebro, mas nunca irá conhecer os pensamentos que ele teve, você pode estudar um corpo, mas nunca poderá tocar naquela alma. Você pode desvendar o espaço, mas nunca encontrará Deus!

E se você não acredita em Deus por achar que o mundo está violento, injusto e corrompido, está na hora de rever seus conceitos. Ele nos deu livre-arbítrio. E agora mesmo você pode raspar a sua cabeça ou se jogar de um precipício, você é responsável por suas atitudes e seus possíveis efeitos colaterais. Antes de culpar Deus pelo caos do mundo, pense no caos de sua vida.

Pense nos dias em que você ofendeu alguém, xingou seus pais ou brigou com o seu irmão. Pense nas pessoas que você usou, machucou, iludiu, pense nas lágrimas que você fez derramar dos olhos de alguém, na dor que você causou, no ódio ou inveja que você sentiu e em quantas vezes já se vingou.

Lembre-se das conseqüências catastróficas que você gerou. E comece a perceber que o mundo melhora se você melhorar, mas que é mais fácil colocar a culpa em Deus e deixar tudo como está.

Se você não fizer a sua parte, Ele também não fará a dEle.

Quando nosso coração está conectado em Deus, não precisamos nos preocupar na maneira como ele irá se comunicar conosco pois Ele se manifesta no oculto de nossas almas. E assim somos capazes de ver uma flor brotar em meio ao concreto, somos capazes então de valorizar as virtudes e controlar os impulsos. Preferimos ter paz do que ter razão para poder ter o prazer de ver reinar um fio de paz num mundo tão duro e cruel. Nosso deleite é perdoar, é amar e exercitar tudo isso nos momentos mais adversos.

Agora mais do que nunca sei que a felicidade é a constância de bons sentimentos e que todos nós temos um vazio do tamanho de Deus. Mas se não reconhecermos isso o quanto antes, passaremos a vida inteira a tentar preencher este imenso vazio com ilusões e falsos prazeres. Depositaremos nosso tempo, esperanças e esforços em coisas passageiras e no fim não encontraremos um alívio, não estaremos satisfeitos.

Deus nos formou e nos criou. Mas muitas vezes não o deixamos entrar em nossos corações. Fechamos a porta “na cara” dEle. Agimos como um segurança que não deixa adentrar no edifício o próprio pedreiro que o construiu.

[Monique Antunes]

Publicado: 07/03/2008 em Pérolas

Um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz. Vou silenciar muitas. Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alma inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras. Criar é viver duas vezes… Todos tentam imitar, repetir e recriar sua própria realidade. Sempre acabamos adquirindo o rosto das nossas verdades.

[Albert Camus]

O amor nunca morre de morte natural. Añais Nin estava certa.

Morre porque o matamos ou o deixamos morrer.

Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença.

Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia.

Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados.

O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos.

Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.

O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.

O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.

Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos.

No mínimo, merecia ser incriminado por omissão.

Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria.

Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas.

Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas.

Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.

O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever.

O amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.

[Fabrício Carpinejar, em seu blog]

Metade

Publicado: 22/12/2007 em Coisas da Vida, Pérolas

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio…

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade…

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A uma mulher inundada de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo…

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão…

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesma
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei…

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço…

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção…

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade… também.

{Oswaldo Montenegro}

Publicado: 22/12/2007 em Coisas da Vida

“É melhor tentar e falhar,
que preocupar-se e ver a vida passar;
é melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco,
que em conformidade viver …”

[Martin Luther King]

Um rabino perguntou a um proeminente membro de sua congregação: “Toda vez que eu o vejo, você está com pressa. Diga-me, por favor, para onde você corre sempre e tanto?” O homem respondeu: “Corro atrás do sucesso, da minha realização. Corro atrás da recompensa por meu duro trabalho”. O rabino replicou: “Seria uma boa resposta se todas estas bênçãos estivessem à sua frente, tentando escapar-lhe. Se correr o suficiente, você poderá alcançá-las. Mas pode ser que as bênçãos estejam atrás de você, procurando por você, e que quanto mais correr, mais dificilmente elas o alcançarão”.

Não poderia suceder que Deus tivesse presentes maravilhosos de todos os tipos, reservados para nós – boa comida, belo pôr-do-sol, flores que nascem na primavera e folhas que caem no outono e momentos tranqüilos de comunhão entre seres humanos – mas que nós, perseguindo a felicidade, estivéssemos correndo tanto, impedindo-O de nos encontrar?

[Harold Kushner]

Atualmente, a “Lei da Atração” tem sido o assunto preferido de muita gente. Segundo esta lei, apresentada no best-seller e documentário O Segredo, você pode obter quase tudo o que deseja se treinar sua mente para enviar pensamentos positivos que permitirão a realização de seus sonhos.

Trata-se de uma crença transformadora que foi descoberta e redescoberta várias vezes na história. Rhonda Byrne, a autora do best-seller O Segredo, e sua equipe de colaboradores, fizeram um trabalho brilhante ao reunir fragmentos da grande lei que foram escamoteados em tradições orais, nas religiões, na literatura e filosofias ao longo do tempo. Todavia, há mais a ser dito do que este recente best-seller revelou…

Os nossos pensamentos desempenham um papel realmente muito importante na “lei da atração”. Nossas mentes não são apenas zonas de armazenamento passivas, forçadas a pensar em qualquer coisa que explode dentro delas. Somos capazes de escolher o que pensamos e devemos lutar arduamente, vestindo “toda a armadura de Deus” para este propósito. Paulo escreveu: “…tudo o que for verdadeiro, nobre, correto, tudo o que for puro, amável, de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.” {Filipenses 4:8}

Quando nos concentramos muito no que não queremos, isto forma um padrão de acontecimentos ruins; o que não queremos tende a se repetir. Para viver novas experiências, é preciso mudar o foco, pensar diferente!

O funcionamento da lei da atração pode ser exemplificado da seguinte maneira:

Nós somos como o fazendeiro que busca tomar o máximo partido das leis da natureza para suas boas colheitas. Um fazendeiro que deseja que a terra lhe dê milho deve aprender a cooperar com a natureza para consegui-lo. A natureza não seleciona o tipo de colheita, mas espera que o fazendeiro decida. O fazendeiro pode realmente “predizer o futuro” de um campo, ao escolher o tipo de “semente” a ser plantada nele. Para “atrair” milho, o fazendeiro planta sementes de milho.

A lei da atração é uma reafirmação da lei da semeadura e da colheita: você colhe o que você planta. Esta lei não julga se você é ou não merecedor do que “colhe”, ela apenas trabalha com o que você semeia. A lei da atração é uma lei da graça comum, aquela que é derramada sobre todas as pessoas, em todos os lugares, assim como a terra, as estações, a chuva, o nascer do sol, etc. A boa nova é que há ainda mais: Deus tem a graça redentora. Nessa graça podemos encontrar Deus de uma maneira mais direta, podemos experimentar Sua presença, Seu perdão e os frutos do Espírito Santo. Nós conquistamos acesso às Suas promessas e compartilhamos Sua vida eterna. Isso supera o carro novo, a promoção no emprego…

Para descobrir a graça redentora, é necessário reconhecer que Deus é a fonte da graça comum. A graça redentora é a “graça comum anabolizada”!

Um erro cometido em O Segredo foi o de colocar a lei da atração excessivamente atrelada à idéia do poder e do controle individuais, como se a lei da atração funcionasse num vácuo e não existissem outras forças em movimento. Afirmar que nós atraímos tudo o que nos acontece, até as coisas ruins, como acidentes de carro [embora isso seja verdade em alguns casos], é uma simplificação exagerada da realidade.

É perigoso pensar que os nossos desejos são o centro do universo e que o universo é o nosso Gênio que existe somente para realizar todos os nossos desejos!

Em seu livro, Rhonda Byrne nos estimula o tempo todo a fazer apenas o que amamos fazer, evitando o que não amamos. E isso é perigoso. É preciso lembrar que boa parte do que é bom só pode ser desfrutado depois de um “passeio pela terra das dificuldades”. Antes de evitar algo que nos faz sentir mal, precisamos ponderar se isso não é, na verdade, bom. O fato de sentir-se mal pelo que você faz não é critério para a sua desistência. Se assim fosse, por que você deveria fazer qualquer coisa difícil? Por que levantar da cama e ir trabalhar? Por que estudar para a escola se eu posso apenas “sentir” coisas boas e imaginar uma série de notas 10 em minhas provas?

Há forças maiores que a Lei da Atração. Esta lei não é soberana e os nossos pensamentos e sentimentos não são as únicas forças em jogo.

Por exemplo, cada fazendeiro se prepara para a época do plantio tendo confiança na lei da semeadura e da colheita. Mas, e se houver uma seca ou um furacão, ou uma geada nesta época? As safras vão quebrar! Nem por isso o fazendeiro concluiria que a lei da semeadura e da colheita não funciona mais, mas reconheceria que outras forças surgiram e a superaram.

Não defendo a idéia de que nosso propósito na vida seja correr atrás de fortuna, saúde e fama como prioridades absolutas. Defender isto significa acreditar na crença de que Ter mais é sinônimo de Ser mais. Ter tudo o que se deseja é sinônimo de ter uma vida pequena. Uma vida vivida para ter mais é uma vida desperdiçada.

“O Segredo” enfatiza muito a satisfação pessoal e esquece de encorajar as pessoas a utilizar a lei da atração para aspirações maiores [fins altruístas], não apenas as individuais direcionadas aos nossos próprios interesses.

A lei da atração, anunciada em “O Segredo”, acaba se tornando um perigo obscuro quando é utilizada somente para suprir carências, cobiças e desejos individuais, em vez de algo direcionado para além de si mesmo. É preciso desafiar esse tipo de vida autocentrada e hedonista, e lembrar que somos parte de algo muito maior que nós mesmos. A base da nossa felicidade não deve estar em leis, mas precisa estar firmada e enraizada em uma Pessoa maior que nós, Jesus Cristo – a Fonte de águas vivas.

[Kaya Barros – http://www.livressencia.blogspot.com]

Da arte de ser bom

Publicado: 04/12/2007 em Poesia

Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.

[Mario Quintana – Espelhos Mágicos]

Da amarga sabedoria

Publicado: 04/12/2007 em Poesia

Conhecer a si mesmo e aos outros…
Ver o mal com mais clareza…
Ó triste e doloroso dom!
E sofrer mais que todos no final,
Sem o consolo de ter sido bom.

[Mario Quintana – Espelhos Mágicos]

Do espetáculo de si mesmo

Publicado: 04/12/2007 em Poesia

Conhecer a si mesmo é inútil, parece,
Mas sempre diverte um pouco…
Coisa assim como um louco que tivesse
Consciência de que é louco.

[Mario Quintana – Espelhos Mágicos]

Sob a sombra de Suas asas
Descansando em Sua presença
É onde quero cantar a canção do Seu coração.

Liberdade irá gerar em meio a Sua salvação,
Ao seu lado achegarei e lá habitarei,
cantando desde a eternidade.

Não há lugar onde eu prefiro estar,
Não há nada que eu prefiro fazer,
Não há face que eu prefiro ver,
Além da Sua Senhor…

…ao seu lado achegarei e lá habitarei,
cantando desde a eternidade…

[David Quinlan]

A gente acaba aprendendo

Publicado: 30/11/2007 em Coisas da Vida

A gente não devia, mas acaba aprendendo. A vida é dura; os dias, maus; a convivência com os outros, complicada; por isso, nos especializamos na arte de enganar.

A gente acaba aprendendo a disfarçar as angústias mais profundas. Bastam algumas sessões fotográficas para o desenho da boca não denunciar qualquer dor e os olhos deixarem de ser janelas da alma. Cumprimentamos polidamente; mudamos de assunto (vai chover hoje?); olhamos em outra direção. Qualquer movimento serve, desde que nunca se evidenciem nossas fragilidades, nossos medos, nossas ansiedades.

A gente acaba aprendendo a empurrar com a barriga, a não se afobar, a adiar, a procrastinar. Não nos inquietamos com o disperder da vida; somos azes em projetar para o além o dever de existir hoje. Complacentes, esquecemos de querer bem, de cuidar do próximo, de fazer diferença.

A gente acaba aprendendo a não balançar o barco. Não é difícil perceber o tipo de conversa que as pessoas querem; se for triviliadade, esse será o papo; se querem ser enganadas, oferecemos ilusões. Ensinaram-nos que “é melhor um covarde vivo, do que um herói morto”. Assim, criativos, reciclamos os chavões do senso comum e ficamos “numa boa com a galera”. “Deixa quieto”, repetimos para nós mesmos e preservamos nossa reputação, garantimos nosso salário; e ninguém vai se magoar com a nossa vidinha.

A gente acaba aprendendo a arte do bom-mocismo; cedo nos especializamos em bajular o professor, a enrolar a namorada, a tapear o patrão, a arranjar desculpas para os atrasos. Depois, tudo fica fácil: fazemos orações aos berros e impressionamos com nossa “ousadia de desafiar Deus”; aprendemos a eleger uns poucos mandamentos que nos parecem bem fáceis e intimidamos nossos adversários com uma auréola de “santidade”; dramatizamos com uma cara de humilde e emplacamos como os únicos herdeiros do Reino de Deus.

A gente acaba aprendendo a ser altruísta quando for vantajoso; a perdoar como uma vingança; a mostrar paciência para usufruir da “lei da semeadura e da ceifa”; a abrir mão dos direitos, porque existem promessas de que Deus abençoa os mansos.

A gente acaba aprendendo a usar máscara, a trocar de fantasia, a mimetizar os ambientes, a vestir saco e cilícios. Personificamos qualquer personagem. Quando necessário, encenamos bardos, parnasianos, românticos, pierrôs, anedotistas, vestais, místicos. E que ninguém nos acuse de cousa alguma, pois somos os mais probos, os mais cândidos, os mais angélicos.

E assim, de decoro em decoro, de incorruptibilidade em incorruptibilidade, de sobriedade em sobriedade, tornamo-nos sepulcros caiados, guias cegos, serpentes, raça de víboras; enfim, fariseus hipócritas.

Acho que chegou a hora de desaprender.

[Ricardo Gondim]

Juventude

Publicado: 21/11/2007 em Coisas da Vida, Vivendo e Aprendendo

Agora que já estou bem velhinha vou aproveitar para fazer tudo aquilo que sempre quis!

Vou aproveitar este tempo que me resta e fazer tudo o que sempre tive vontade. Dedicarei minha vida à tudo o que mais amo. Passarei a maior parte do meu tempo escrevendo, pintando e costurando, sem culpa! Também poderei fazer aquela faculdade que tanto sonhei e me aprofundar em todos os estudos que nunca se encaixariam nesse capitalismo selvagem.

Terei tempo suficiente para fazer ginástica, plantar flores, cuidar dos meus bichinhos e desenvolver todas as habilidades que aqueles tempos tão corridos me privaram.

As rugas já fincaram seu lugar cativo em minha pele, não tenho mais para onde fugir. Não dá mais pra esconder, agora sou livre e posso ir a todos os lugares sem me preocupar, sem me sentir julgada… afinal, quem liga para uma velha cheia de rugas?

Quando jovem, eu vivia como se fosse viver para sempre! Não parava para pensar na fragilidade da vida. O tempo para mim era sempre muito farto e abundante, eu nem o via passar. Como mortal cheia de medos, aterrorizava-me de tudo, mas desejava tudo como se fosse imortal.

Queria chegar aos cinqüenta para refugiar-me na natureza e aos sessenta desejava estar livre dos encargos cotidianos… Projetava minha realização pessoal para um tempo muito remoto.

Naquele ilusório presente o importante era ganhar muito dinheiro, ser uma profissional bem-sucedida e esbanjar status. Passei anos da minha vida correndo atrás do vento que me trouxe até aqui.

De fato estou livre de todas as maquiagens mentais, fardos e cabrestos da vida. Finalmente cheguei aonde tanto queria! Posso ver claramente como tudo nesta vida é vaidade e aflição de espírito. Já tenho sabedoria suficiente para não levá-la tão à sério. Mas agora é tarde… não tenho saúde.

* Envergonho-me de ter reservado para mim apenas as sobras da vida e destinar à meditação esta idade que já não serve para nada. Tarde começo a viver… justo agora que é hora de partir. *

Mais do que nunca sinto o cheiro da morte a me sondar e ele me enche de encanto pela vida. Bebo cada dia até a última gota, rio e choro como uma criança, canto alto e falo “bom dia” para todos na rua.

Não tenho nada a perder.

[Monique Antunes]

Armadilhas

Publicado: 21/11/2007 em Poesia

No mundo há muitas armadilhas
e o que é armadilha pode ser refúgio
e o que é refúgio pode ser armadilha

Tua janela por exemplo
aberta para o céu
e uma estrela a te dizer que o homem é nada

ou a manhã espumando na praia
a bater antes de Cabral, antes de Tróia
(há quatro séculos Tomás Bequimão
tomou a cidade, criou uma milícia popular
e depois foi traído, preso, enforcado)

No mundo há muitas armadilhas
e muitas bocas a te dizer
que a vida é pouca
que a vida é louca

E por que não a Bomba? te perguntam.
Por que não a Bomba para acabar com tudo, já
que a vida é louca?

Contudo, olhas o teu filho, o bichinho
que não sabe
que afoito se entranha à vida e quer
a vida e busca o sol, a bola,
fascinado vê o avião e indaga
e indaga

A vida é pouca
a vida é louca
mas não há senão ela.

E não te mataste, essa é a verdade.
Estás preso à vida como numa jaula.
Estamos todos presos
nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver
de fora e nos dizer: é azul.

E já o sabíamos, tanto
que não te mataste e não vais
te matar e agüentarás até o fim.

O certo é que nesta jaula há os que têm
e os que não têm há os que têm tanto que
sozinhos poderiam alimentar a cidade
e os que não têm nem para o almoço de hoje

A estrela mente
o mar sofisma. De fato, o homem está
preso à vida e precisa viver o homem
tem fome e precisa comer
o homem tem filhos
e precisa criá-los

Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.

[Ferreira Gullar]

Publicado: 21/11/2007 em Deus e a Humanidade

Escolhas… Há muitas escolhas para se fazer nesta vida. Se você não sente que isto é verdade para você, espere uns poucos anos. Cada decisão precisa ser pesada na escala das implicações positivas e negativas.

A maioria das pessoas trata o render-se a Jesus Cristo como se fosse uma escolha do tipo das anteriores na vida. Elas pesam em sua escala e determinam seus efeitos negativos em oposição aos positivos e decidem concordemente. “Não é muito producente para minha popularidade”, alguns podem dizer. Outros podem dar a seguinte razão: “há tanto ainda para se viver! Vou fazer isso quando for um velho antiquado e não tiver muita coisa que valha mais a pena na vida”. E outros ainda são fortes ao exclamarem: “Não preciso de Jesus! Estou vivendo muito bem por mim mesmo!”

Escolhas são sem dúvida um presente maravilhoso de Deus. Com certeza, não somos robôs que não têm escolha própria. Mas render sua vida a Jesus Cristo não é simplesmente mais uma escolha com um significado temporário.
De acordo com a Palavra de Deus, todos nascemos pecadores [“porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Rm 3:23]. Temos todos um desejo natural de nos opormos a Deus para sermos nós mesmos deuses.

Deus nos amou tanto, que levou sobre Si mesmo as conseqüências de nosso pecado. Ele fez isto enviando Seu Filho Jesus para morrer em nosso lugar. Deus andou na Terra literalmente vestido em nossa humanidade com o único propósito de entregar Sua vida e sofrer por nosso pecado. Ele levou sobre Si mesmo a punição que nós merecíamos. Quando completou esse serviço através de Sua morte, então Ele, pelo Espírito poderoso de Deus, foi levantado da morte.

Agora nós temos um meio de encontrar a salvação. Na Bíblia isso é denominado de “porta estreita”. Essa porta estreita é Jesus Cristo e somente Jesus Cristo. Voltar-se para Jesus é o único caminho para se estar bem com Deus. Tantas outras religiões têm seus caminhos e fórmulas. As pessoas são totalmente sinceras ao praticá-las, mas no final sua sinceridade não as salvará.

Deus é tão grande que nossas mentes não podem chegar perto da compreensão de Sua magnificência. Este grande e poderoso Deus tornou-se real e pessoal para nós através de Jesus. Com Seus braços abertos Ele espera que nos acheguemos a Ele… Ele alegra-se em nós e Ele tem vontade de relacionar-se conosco! Ele adora quando conversamos com Ele e expressamos nossos sentimentos e questionamentos…

Jesus Cristo merece sua vida. Ele deu tudo por você… Ele já escolheu você. Arrisque, ouse pôr sua vida nas mãos mansas e fortes de Deus, como se põe um pedaço de barro nas mãos do oleiro! Pare de tentar moldar a si mesmo… Permita que Deus, com Sua grande capacidade e amor modele você. Quando você conhece Jesus, você finalmente descobre Sua perfeita fidelidade em sua vida! Uma vez que você tiver encontrado com o Rei do Universo, você jamais será o mesmo.

Publicado: 20/11/2007 em Pérolas

“São as palavras mais silenciosas que trazem a tempestade. Os pensamentos com pés de veludo dirigem o mundo.”

[Nietzsche]

O segredo de ser feliz é ferozmente perseguido por todas as gentes, nos quatro cantos da terra.

Ao longo dos dias da vida, porém, muitas coisas vêm quebrar esta busca, desanimando uns, fraturando a alma de tantos, descarrilhando o coração de outros, nessa montanha-russa de sentimentos, emoções, vontades e vivências que todos possuem dentro de si.

Somos um ministério missionário e vivemos da obra, colabore! Invista em missões sem gastar nada!

Entre perdas e ganhos, dores e alegrias, ainda persevera essa busca: Onde está a felicidade? Ela existe? Afinal, em meio a tantas lutas, qual é o segredo de ser feliz?

Este segredo tem sido descoberto por inúmeras gentes de toda raça, tribo, língua, povo e nação.

Em toda terra, este segredo tem sido compartilhado, este segredo tem sido vivido, este segredo tem sido cantado nas praças, nas casas, nos prédios, nas ruas… já não é mais segredo! Mas, também não é uma fórmula mágica, e não se compra com dinheiro ou tesouros.

O segredo de ser feliz é viver na Presença do Deus Eterno! Ser feliz é viver e andar debaixo de Sua graça, por Sua Palavra, se rendendo e dependendo absolutamente do Seu Precioso Espírito Santo!

A mais pura adoração nos tira das margens do rio para nos fazer adentrar nas profundezas do Espírito Santo: águas vivas que saciam nossa sede, e curam, reanimam e nos fortalecem.

Orar e adorar a Deus é a essência da felicidade; por este caminho conhecemos a intimidade de Seu coração, e daí extraímos virtude, cura e poder de Deus. Seja feliz!!!

[Ludmila Ferber – http://www.adoracaoprofetica.com.br%5D

O culto a Deus sem ansiedade

Publicado: 20/11/2007 em Vida Cristã

Vivemos em uma sociedade ansiosa. Uma nuvem de ansiedade que envolve o mundo hoje.

Vemos pessoas ansiosas, com um coração ansioso, cheio de dúvidas.

Vivemos na geração da ansiedade. Isto muitas vezes se translada com força aos princípios básicos da igreja. Temos conhecido um Deus que tem tempo para tudo, mas queremos que tudo aconteça agora!

Nossas reuniões tem um tempo para começar e outro para terminar. E muitas vezes o tempo em que damos culto a Deus, é um tempo cheio de ansiedade.

Por exemplo, se em uma reunião deixamos os microfones de lado e não há nenhuma pessoa dirigindo desde a frente, dizendo: “levanta a mãos, aplaude, canta…” ou se alguém diz: “Vamos ouvir a Deus” e há um silêncio prolongado, quanto tempo podemos agüentar?

Quando estamos adorando ao Senhor com nossos corações abertos em sua presença, sentindo unidade com o Espírito Santo, abrindo nossas vidas e nossos lábios, não vai faltar alguém que acabe com tudo isso porque há muito o que fazer. Isso é ansiedade.

O mesmo acontece em nossa vida pessoal quando adoramos ao Senhor em nosso quarto, a sós, em intimidade verdadeira e plena com Deus. Quanto tempo dedicamos sem começar a pedir, pedir, pedir?

Para aprender o que é a verdadeira adoração, o espírito de ansiedade tem que sair da vida da igreja e de cada um de nossos corações, para que o Senhor possa desenvolver uma verdadeira intimidade conosco através do seu Espírito.

Como se chega a ter intimidade com uma pessoa?

Quando eu conheci a Rosana, minha esposa, passava tempo com ela. Muitas vezes somente a olhava. Conhecer uma pessoa leva tempo.

A intimidade com o Senhor também leva tempo. A verdadeira adoração, que Deus quer fazer brotar em nós como igreja, leva tempo. É um tempo precioso e valioso que Deus quer desenvolver em nós como igreja, como família, como corpo, como congregação, como líderes do louvor, como músicos. Todos nós devemos desenvolver esta comunhão com o Senhor.

Para muita gente a adoração é um pequeno tempo de música. Para outros é um estilo de música. Crêem que há um irmão que se dedica as canções de louvor e outro que se aboca as de adoração. Pensam que existe um tipo de louvor e outro de adoração, uns músicos de louvor e outros de adoração. Mas Jesus disse em João 4:23 (este é um texto muito conhecido por todos, muito lembrado pela restauração, mas vivido por poucos).

“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores, adorarão o Pai em espírito e em verdade: porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” Deus busca adoradores.Deus quer ensinar-nos nestes dias a sermos adoradores que o adorem em espírito e em verdade.

A vida de adoração é algo que encontra seu fundamento no interior, não no exterior. A verdadeira adoração que o Pai deseja não é algo produzido de fora para dentro, sim de dentro para fora.

Por isso Deus quer tirar a ansiedade da igreja para que em nosso interior se possa produzir esta verdadeira adoração.

[Asaph Borba – http://www.pontesdeamor.com.br%5D

Publicado: 20/11/2007 em Deus e a Humanidade, Vida Cristã

“O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face.

Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.”

[1 Co. 13:12]

Do tamanho de Deus…

Publicado: 20/11/2007 em Deus e a Humanidade

“Todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de Deus.”

[Dostoievski]

Publicado: 20/11/2007 em Sabedoria, Vivendo e Aprendendo

Não olhe muito para o abismo
senão o abismo começa a olhar
para dentro de você.

Sabedoria

Publicado: 20/11/2007 em Sabedoria

Adquire a sabedoria; adquire inteligência e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a e ela te conservará.

A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis, adquire o conhecimento. Exalta-a e ela te exaltará; e abraçando-a tu, ela te honrará.

(Provérbios 4:5-8)

Publicado: 20/11/2007 em Sabedoria

“Entrem pela porta estreita porque a porta larga e o caminho fácil levam para o inferno, e há muitas pessoas que andam por este caminho. A porta estreita e o
caminho difícil levam para a vida, e poucas pessoas encontram esse caminho.”

(Mateus 7:13-14)

Publicado: 20/11/2007 em Pérolas

“ Eu não faço nada por obrigação, eu faço por impulso de vida.”

{Walt Whitman}

Publicado: 19/11/2007 em Pérolas, Poesia, Sabedoria

“Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias.”

{Fernando Pessoa}

Aprendendo a lidar com dificuldades e tribulações

Tiago, irmão de Jesus, escreveu uma carta aos cristãos que estavam sofrendo perseguição. Eles haviam sido expulsos de Jerusalém e deixado para trás seus bens, familiares e amigos. Estavam começando vida nova em outro lugar, e precisavam construir novos relacionamentos, redefinir sua carreira profissional e ainda por cima se defender dos ataques daqueles que se opunham à sua fé em Jesus Cristo.

Um dos conselhos de Tiago para aqueles cristãos em situação tão adversa foi que deveriam receber com alegria as tribulações e provações que a vida colocava diante deles:

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.2-4)

Tiago justificou seu conselho apresentando três conseqüências das tribulações.

As tribulações provam a nossa fé, isto é, revelam a qualidade dos alicerces onde construímos nossas vidas. Outra maneira de dizer isso é que as tribulações nos mostram quem de fato somos. Muitas pessoas vivem iludidas em relação a si mesmas, e por esta razão constroem suas vidas em alicerces falsos – e vice-versa. Cedo ou tarde estes alicerces são desmascarados e tudo o que está sobre eles pode ruir, como por exemplo: auto-estima, esperança, prazer de viver, relacionamentos, sonhos de futuro, carreira profissional. As situações da vida que confrontam nossos alicerces existenciais são de fato oportunidades extraordinárias para nos reinventarmos, tanto substituindo o que identificamos como inadequado, quanto no desenvolvimento do que identificamos frágil.

As tribulações produzem perseverança, isto é, nos fortalecem para enfrentar a vida. O ditado popular diz que “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Acredito nisso. Acredito que o exercício de viver nos coloca diante de desafios proporcionais à maturidade. Uma é a dificuldade da criança, outra, do adolescente, e outra, dos adultos que já não acreditam em Papai Noel e já deixaram a prepotência juvenil de lado. As dificuldades que enfrentamos no caminho nos ajudam a encarar a vida e continuar andando rumo ao futuro desejado. À medida que vamos encarando e superando as tribulações, vamos perdendo o medo de cara feia, até que a vida mostra sua face mais terrível e se surpreende com nossa capacidade de superá-la.

Finalmente, as tribulações nos fazem pessoas maduras e íntegras, sem falta de nada. Atravessar tempos difíceis exige de nós a descoberta e o desenvolvimento de recursos interiores. As tribulações nos tiram todos os pontos externos de apoio: nos sentimos solitários, incompreendidos e injustiçados; perdemos posição, status e privilégios, além de dinheiro e conforto; e descobrimos que as bases onde escorávamos nossa identidade e as fontes de onde tirávamos forças para viver eram falsas ou insuficientes. Nesse momento, olhamos para dentro e para o alto. E descobrimos uma fé mais amadurecida, que nos aproxima mais de Deus, e recebemos a coragem de continuar vivendo. Estranhamente, vamos percebendo que precisávamos de bem menos do que imaginávamos para a nossa felicidade, até que surpresos, nos deparamos com a sensação de que muito embora o mundo lá fora esteja em convulsão, o mundo de dentro do coração, está em paz e serenidade. Quando chegamos nesse ponto de integridade (integralidade) é que passamos a desfrutar dos poucos recursos, dos amigos raros e das pequenas alegrias do dia-a-dia como suficientes para a felicidade. Aí sim, somos homens e mulheres de verdade. Construídos na forja das tribulações. Livres das ilusões. Prontos para viver, dar e construir.

[artigo extraído do site Galilea.com.br]

Publicado: 16/11/2007 em Pérolas, Vida Cristã

“Se eu puder ajudar alguém a seguir adiante

Se eu puder animar alguém com uma canção

Se eu puder mostrar a alguém o caminho certo

Se eu puder cumprir meu dever cristão

Se eu puder levar a salvação para alguém

Se eu puder divulgar a mensagem que o Senhor deixou…

Então, minha vida não terá sido em vão.”

[Martin Luther King]

“Acho difícil conceber uma maneira mais concreta de amar do que a de orar pelos inimigos. Isso conscientiza você do fato de que, aos olhos de Deus, você não é mais, nem menos, digno de ser amado do que qualquer outra pessoa; e cria uma consciência de profunda solidariedade com todos os outros seres humanos. Cria em você uma compaixão que inclui o mundo e lhe provê um coração cada vez mais livre do compulsivo desejo à coerção e à violência. Além do mais, você ficará encantado ao constatar que não pode continuar com raiva das pessoas pelas quais você ora. Você perceberá que está falando diferente com – e sobre – elas, e que realmente está disposto a fazer o bem àqueles que o ofenderam.”

[Henri Nouwen]

Não existe oração errada. Aliás, a oração errada é aquela que não é feita. A Bíblia Sagrada ensina que se deve orar a respeito de tudo. Orar por qualquer motivo, qualquer hora, qualquer lugar, sempre que o coração não estiver em paz. Tão logo o coração experimente apreensão, preocupação, medo, angústia, enfim, seja perturbado por alguma coisa, a ação imediata de quem confia em Deus é a oração.

O apóstolo Paulo diz que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, com ação de graças, devemos apresentar nossos pedidos a Deus, tendo nas mãos a promessa de que a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará nossos sentimentos e pensamentos em Cristo Jesus (Filipenses 4.6,7). A expressão “coisa alguma” inclui desde uma vaga no estacionamento do shopping center quanto o fechamento de um negócio, o desejo de que não chova no dia da festa quanto a enfermidade de uma pessoa querida.

Esta experiência de oração é chamada de oração simples: orar sem censura filosófica ou teológica, orar sem se perguntar “é legítimo pedir isso a Deus?” ou “será que Deus se envolve nesse tipo de coisa?”. Simplesmente orar.

A garantia que temos quando oramos assim é a paz de Deus em nossos corações e mentes. A Bíblia não garante que Deus atenderá nossos pedidos exatamente como foram feitos: pode ser que a vaga no estacionamento não seja encontrada e que chova no dia da festa. A oração não se presta a fazer Deus trabalhar para nós, atendendo nossos caprichos e provendo o nosso conforto. Já que a causa da oração simples é a ansiedade, a resposta de Deus é a paz. O resultado da oração não é necessariamente a mudança da realidade a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora. A mudança da situação a respeito da qual se ora é uma possibilidade, a mudança do coração e da mente da pessoa que ora é uma realidade. Deus não prometeu dizer sim a todos os nossos pedidos, mas nos garantiu dar paz e nos conduzir à serenidade. Não prometeu nos livrar do vale da sombra da morte, mas nos garantiu que estaria lá conosco e nos conduziria em segurança através dele.

O maior fruto da oração não o atendimento do pedido ou da súplica, mas a maturidade crescente da pessoa que ora. Na verdade, a estatura espiritual de uma pessoa pode ser medida pelo conteúdo de suas orações. Assim como sabemos se nossos filhos estão crescendo observando o que nos pedem e o que esperam de nós, podemos avaliar nosso próprio crescimento espiritual através de nossos pedidos e súplicas a Deus. As orações revelam o que realmente ocupa nossos corações, o que realmente é objeto dos nossos desejos, o que nos amedronta, nos desestabiliza e nos rouba a paz.

O apóstolo Paulo diz que quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Mas quando se tornou homem, deixou para trás as coisas de menino (1Coríntios 13.11). Não existe oração certa e errada. Mas existe oração de menino e oração de homem. Oração de menina e oração de mulher. A diferença está no coração: coração de menino e de menina, ora como menino e menina. A nossa certeza é que Deus também gosta de crianças.

[Ed René Kivitz]

Como viver num mundo de parcerias frouxas e eminentemente revogáveis

Zygmunt Bauman é considerado hoje um dos sociólogos mais influentes do mundo. Professor emérito de sociologia na Universidade de Leeds e na Universidade de Varsóvia, seu livro mais recente é “Amor Líquido – Sobre a Fragilidade das Relações Humanas” (Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2003) de onde tirei os conceitos e extraí citações para estas reflexões.

A tese de Bauman é que vivemos em um mundo líquido, que detesta tudo o que é sólido e durável, tudo que não se ajusta ao uso instantâneo nem permite que se ponha fim ao esforço. O amor, nesse mundo líquido, é amor líquido. A tirania do mercado explica em parte esta característica rarefeita de tudo. Estamos na era do homo consumens. O que caracteriza o consumismo não é acumular bens (quem o faz deve também estar preparado para suportar malas pesadas e casas atulhadas), mas usá-los e descartá-los em seguida a fim de abrir espaço para outros bens e usos.

Estar excluído da sociedade de consumo equivale a ser um fracassado, um incompetente. Um consumidor falho fica se utilizando dos mesmos bens, e a utilização repetida o priva da possibilidade de sensações novas e inéditas. Isso os leva ao tédio e à frustração. Ser bem sucedido é conviver com novidades, variedades, e rotatividade.

Daí surge a cultura do aluguel e do descartável (e por isso mesmo mais barato). Nesta sociedade líquida, você não compra, aluga. Comprar implica posse e permanência. Alugar implica rotatividade sem ônus. O descartável pode ser facilmente substituído sem muito prejuízo: vale a relação custo benefício, ou tempo de benefício. No mercado, tudo está ao alcance do cartão de crédito, e a distância entre o desejo e sua satisfação está cada vez mais curta. E, portanto, o descarte cada vez mais rápido. A experiência sexual e relacional segue o mesmo padrão e raciocínio. Seu parceiro pode abandonar você a qualquer momento, sem o seu consentimento.

Anthonny Giddens, outro célebre analista da chamada pós-modernidade, fala dos “relacionamentos puros”, onde as relações permanecem enquanto satisfazem as partes. São relacionamentos nos quais se entra apenas pelo que cada um pode ganhar e se permanece apenas enquanto ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma satisfações suficientes para permanecerem nas relações. Viver juntos é “por causa de” e não “a fim de”. Enquanto há razões a parceria permanece. Os parceiros já não se enxergam como construtores de si mesmos, um do outro e da própria parceria.

Parcerias frouxas e eminentemente revogáveis substituíram o modelo da união pessoal “até que a morte nos separe”. Bauman chama isso de “relacionamentos de bolso”, que compara com vitamina C: em grandes doses podem causar náuseas e prejudicar a saúde. Por esta razão, a “sociedade líquida” prefere os relacionamentos diluídos, para que possam ser aproveitados. Os compromissos intensos e de longo prazo são uma armadilha a ser evitada. O compromisso fecha a porta para novas possibilidades (quem sabe, até melhores). Mantenha sempre sua porta aberta, dizem os “especialistas”.

Viver juntos foi substituído por ficar juntos. A convivência foi substituída pelos encontros episódicos. O casamento foi substituído pela sucessão de romances com sexo. O divórcio foi substituído pelos CSS – casais semi separados. As amizades foram substituídas pelas salas de chat e as redes, onde se pode conectar e desconectar sem qualquer compromisso, promovendo relações fantasiosas ou profundas protegidas pelo anonimato. Ralph Waldo Emerson acertou ao afirmar que “quando se é traído pela qualidade, tende-se a buscar desforra na quantidade”.

Na compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que a atual experiência sabote a futura, ou sempre em expectativa de que o melhor está por vir e que há sempre algo melhor pelo que esperar, as pessoas acabam desaprendendo o amor, tornam-se incapazes de amar. A sensação de que se pode ser abandonado, substituído a qualquer momento impede a entrega total, e porque não se entrega totalmente, o amante parcial vive com a constante sensação de que está vivendo um equívoco, ou que está esquecendo algo, ou deixando de experimentar alguma coisa. Isso faz com que o amante parcial viva carregado de ansiedade. E, pior do que isso, está condenado a permanecer para sempre incompleto e irrealizado. Bauman diz a respeito que estão “numa viagem nunca termina, o itinerário é recomposto em cada estação, e o destino final é sempre desconhecido”.

A resposta cristã para esta “sociedade líquida” que vive de “amores líquidos” deve considerar, pelo menos, três fatos. Em primeiro lugar, lembre-se que o amor encontra seu significado, não na posse das coisas prontas, completas e concluídas, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. Martinho Lutero nos adverte que “o amor de Deus não se destina ao que vale a pena ser amado, mas cria o que vale a pena ser amado”. Em outras palavras, não espere pessoas prontas, caminhe com elas rumo à maturidade.

Lembre-se também que o amor não é um caminho de satisfação, mas de transformação e realização. Hans Burki ensinou que “mais da mesma coisa nos deixa no mesmo lugar”. Em outras palavras, quando seu relacionamento não estiver satisfatório, não mude parceiro ou parceira, mude o relacionamento.

Finalmente, lembre-se que o amor não é um episódio, mas uma caminhada comum. Não acontece na relação superficial, esporádica, virtual, meramente física, mas num relacionamento de proximidade que conduz à intimidade em direção à profundidade do ser que ama (dos seres que se amam). Em outras palavras, não confunda paixão e sexo com amor.

A sociedade anticristã não vive da negação do que é cristão, mas da deturpação. Para deturpar, você priva, exacerba (exagera) ou distorce. O amor líquido é uma falsificação do amor sólido. Isto é, para conspirar contra o amor, o diabo não precisa semear o ódio (a maioria rejeita), basta semear o amor líquido. A sociedade líquida está iludida. Carece de gente que viva relacionamentos de “amor sólido” para que conheça a verdade e seja liberta de sua ilusão.

[Ed René Kivitz]

Publicado: 12/11/2007 em Pérolas, Sabedoria, Vivendo e Aprendendo

Seja importante para pelo menos uma pessoa, com quem você possa se imaginar em qualquer lugar, ou em qualquer situação, saindo sempre com um sorriso no rosto. Faça pelo menos uma pessoa feliz, seja inesquecível para pelo menos um coração, faça os olhos de pelo menos uma pessoa brilharem ao te ver sorrir. Descubra o que realmente importa e viva sem medo, com a certeza de que nunca estará sozinho.

[Monique Antunes]

Seis da Tarde

Publicado: 09/11/2007 em Deus e a Humanidade, Vida Cristã

Quando eu olho pra mim mesmo, meus olhos não podem contemplar
meu coração tão duro e sujo, com medo de Te encontrar…
Quando minh’alma se acalma posso sentir o Teu tocar,
como as nuvens passeiam no céu,
Teus olhos estão a me procurar… Senhor!

Eu estou aqui, no Teu jardim oh Deus!
Estou aqui, não quero mais me esconder de Ti!
Eu estou aqui, no Teu jardim oh Deus!
Estou aqui…

Quando Tu olhas para mim Senhor,
nada posso ocultar…
O Teu amor me convence, todo meu ser te entregar.
Quando não tenho mais saída, quando não tenho aonde ir mais!
Quando os Teus olhos encontram os meus…
descubro que perco pra Ti!

Eu estou aqui, no Teu jardim oh Deus!
Estou aqui, não quero mais me esconder de Ti!
Eu estou aqui, no Teu jardim oh Deus!
Estou aqui…

[Música de Heloisa Rosa]

Publicado: 07/11/2007 em Pérolas

“Não ouse roubar a minha solidão se você não for capaz de me oferecer real companhia.”

[Nietzsche]

Publicado: 07/11/2007 em Pérolas

“Enfeite-se de silêncio”

Mas como enfeitar-se de silêncio na cultura do espetáculo? Na cultura de galinhas que berram quando botam ovos chocos como se estes fossem de ouro? Na cultura em que vale mais dois ovos chocos no estômago do que um lampejo de ouro voando no pensamento?

Eis o desafio que nos cabe: ofertar [e enfeitar] nossos ovos e ao mesmo tempo esconde-los para que eles não se quebrem diante de certas raposas.

[Mônica Montone – http://www.finaflormonicamontone.blogspot.com]

“Quando Jesus e os discípulos continuaram a seguir o seu caminho para Jerusalém, chegaram a um povoado no qual uma mulher de nome Marta os recebeu em sua casa. A irmã dela, Maria, estava sentada aos pés do Senhor e escutava as suas palavras.

Marta estava ocupada pelo muito serviço. Parando, por fim, disse: “Senhor, não te parece injusto que minha irmã fique sentada enquanto eu faço todo o serviço? Diz-lhe que venha me ajudar.”

Mas o Senhor retrucou: “Marta, Marta, tu te inquietas e agitas por muitas coisas! No entanto, apenas uma coisa merece a nossa preocupação. Maria com efeito escolheu a melhor parte que não lhe será tirada!”

[Lucas 10:38-42]

* *

Embora Marta achasse que sua irmã estava sendo egocêntrica ao deixar de ajudá-la, Maria, ao contrário, estava crescendo espiritualmente ao concentrar-se no relacionamento com Jesus. Ele nos ensina que só podemos encontrar o nosso centro espiritual interior ao reconhecê-lo como a dimensão do divino em nós. As pessoas que entram em contato com sua dimensão divina são pessoas retas e íntegras. A retidão espiritual envolve confiar em alguém maior do que nós, o que é diferente de confiarmos apenas em nós. Marta confiava apenas em si e em seu trabalho. Maria procurava a retidão espiritual confiando e entregando-se a Deus.

Muitas pessoas, como Marta, procuram ser virtuosas aos seus próprios olhos desenvolvendo comportamentos que consideram adequados. Jesus sabia que os comportamentos verdadeiramente retos e íntegros são conseqüência do relacionamento com Deus.

O termo “retidão” pode aplicar-se tanto ao nosso relacionamento com os outros quanto com Deus. Para ter um relacionamento reto com os outros precisamos aceitar que termos necessidade deles é sinal de força e não de fraqueza. É somente através do nosso relacionamento com Deus e com os outros que podemos alcançar o nosso mais elevado potencial. Quando tentamos fazer as coisas completamente sozinhos, acabamos como Marta, nos esforçando para parecermos virtuosos aos nossos próprios olhos, mas sempre insatisfeitos.

[Mark Baker]

Publicado: 07/11/2007 em Coisas da Vida, Vivendo e Aprendendo

“Não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades…”

[Vinícius de Moraes]

Riscos

Publicado: 29/10/2007 em Coisas da Vida, Vivendo e Aprendendo

Rir é correr o risco de parecer tolo…
Chorar é correr o risco de parecer sentimental…
Estender a mão é correr o risco de se envolver…
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu…
Defender seus sonhos e idéias, diante da multidão, é correr o risco de perder as pessoas…
Amar é correr o risco de não ser correspondido…
Viver é correr o risco de morrer…
Confiar é correr o risco de se decepcionar…
Tentar é correr o risco de fracassar…

Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada…
As pessoas que não correm nenhum risco e não fazem nada, não têm nada e não são nada…
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem, não mudam, não crescem, não amam e não vivem…

Acorrentadas por suas atitudes, as pessoas que não correm riscos viram escravas, privam-se de sua liberdade…

Somente a pessoa que corre riscos é livre…

[Vivendo, Amando e Aprendendo – Leo Buscaglia]

Viver no amor é o maior desafio da vida. Exige mais sutileza, flexibilidade, sensibilidade, compreensão, aceitação, tolerância, conhecimento e força do que qualquer outro esforço ou emoção, pois o amor e o mundo de hoje atuam como se fossem duas grandes forças contraditórias.

Por outro lado, o homem deve saber que só sendo vulnerável pode verdadeiramente oferecer e aceitar amor. Ao mesmo tempo sabe que, se revelar essa vulnerabilidade na vida diária, em geral, corre o risco de ser explorado, de levarem vantagem sobre ele. Sente que, se mantiver uma parte de si mesmo em reserva para proteger essa vulnerabilidade, sempre receberá de volta apenas uma parcela do amor que dá. Portanto, sua única chance de ter um amor profundo é dar tudo o que tem.

[Amor – Leo Buscaglia]

Na vida, prefira o instante ao desejo.

Na decisão, prefira a integridade ao sucesso.

Na comida, prefira a qualidade à quantidade.

Na poesia, prefira a lágrima à galhofa.

Na conversa, prefira a ferida à pieguice.

No sexo, prefira o chamego ao desempenho.

Na escrita, prefira a metáfora ao adjetivo.

Na corrida, prefira a distância à velocidade.

Na viagem, prefira o rosto à paisagem.

Na sala, prefira a discrição à gabolice.

Na igreja, prefira o silêncio ao barulho.

Na prece, prefira a intimidade à imploração.

[Ricardo Gondim]

Walk On!

Publicado: 27/10/2007 em Coisas da Vida, Vivendo e Aprendendo

E o amor não é uma coisa fácil
É a única bagagem que você pode trazer
Amor não é uma coisa fácil
A única bagagem que você pode trazer
É tudo o que você não pode deixar para trás

E se a escuridão for nos separar
E se a luz do dia parece estar muito longe
E se seu coração de vidro se partir
E por um segundo você quiser voltar atrás
Oh, não, seja forte

Continue em frente, continue em frente
O que você conquistou, eles não podem te roubar
Não, eles não podem nem sentir isso
Continue em frente, continue em frente
Mantenha-se segura esta noite

Você está arrumando a mala para ir a um lugar
Onde nenhum de nós esteve
Um lugar no qual se tem que acreditar para se ver
Você poderia ter voado para longe
Um pássaro cantando em uma gaiola aberta
Que só irá voar, só voará pela liberdade

Continue em frente, continue em frente
O que você conquistou eles não podem te negar
Não podem te vender, nem podem te comprar
Continue em frente, continue em frente
Mantenha-se segura esta noite

E eu sei que dói
Como o seu coração se partiu
Você pode aguentar mais um pouco

Continue em frente, continue em frente

Lar
Difícil saber o que é
Se você nunca teve um
Lar
Eu não sei onde é
Mas, eu estou indo pra lá
Lar
É onde a dor está

E eu sei que dói
E o seu coração, ele se partiu
E você pode aguentar mais um pouco

Continue em frente

Deixe para trás
Você tem que deixar isso para trás
Tudo o que você produz
Tudo o que você faz
Tudo o que você constrói
Tudo o que você quebra
Tudo o que você mede
Tudo o que você sente
Tudo isso você pode deixar para trás
Tudo o que você raciocina, é apenas tempo
E eu nunca estarei acima do que procuro
Tudo o que você percebe
Tudo o que você conspira
Tudo que você veste
Tudo o que você vê
Tudo que você cria
Tudo o que você destrói
Tudo o que você odeia

[Música da banda U2]

Publicado: 26/10/2007 em Coisas da Vida

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.

De sol quando acorda.

De flor quando ri.

Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.

Lambuzando o queixo de sorvete.

Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem para escolher.

O tempo é outro.

E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de DEUS.

De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.

Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.

Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.

Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga para isso.

Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a
gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que DEUS acendeu no céu e daquelas
que conseguimos acender na Terra.

Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.

Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.

Recebendo um buquê de carinhos.

Abraçando um filhote de urso panda.

Tocando com os olhos, os olhos da paz.

Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.

Do brinquedo que a gente não largava.

Do acalanto que o silêncio canta.

De passeio no jardim.

Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de
dentro e que a atração que realmente nos move, não passa só pelo corpo.

Corre em outras veias.

Pulsa em outro lugar.

Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos DEUS está
conosco, juntinho ao nosso lado.

E a gente ri grande, que nem menino arteiro…

[autor desconhecido]

Publicado: 23/10/2007 em Sabedoria, Vida Cristã

“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.” Mateus 10:16

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

[Manoel de Barros]

Passo por uma fase em que meus valores vêm mudando muito. Ultimamente sinto atração pelos fracos, pelos caídos e pelos desafortunados na vida. Tenho vontade de gritar: chega de campeões, chega de relatórios bombásticos, chega de testemunhos de vitória. Cada vez mais venho aprendendo a partilhar da felicidade dos que não faziam parte de meu universo. À medida que envelheço, percebo nuanças que meus olhos juvenis não enxergavam.

São bem-aventurados os que não têm pedigree. Afortunados os que vêm de famílias pobres e por isso podem cantar, como Luis Gonzaga: “Ai, Ai, que bom/ que bom que é/ Uma estrada e a lua branca/ No sertão de Canindé/ Automóvel lá nem sabe se é homem ou se é mulher/ Quem é rico anda em burrico/ Quem é pobre anda a pé/ Mas o pobre vê nas estradas/ O orvalho beijando as flores/ Vê de perto o galo campina/ Que quando canta muda de cor/ Vai molhando os pés no riacho/ Que água fresca, nosso Senhor!/ Vai olhando coisa a granel/ Coisa que, pra mode vê/ O cristão tem que andar a pé”. Esses serão amigos de gente como Jefté, filho de uma prostituta; de Davi, excluído por seu pai e irmãos; de Nelson Mandela, que viveu sem calçar sapatos até quase a vida adulta. Eles são felizes porque não nasceram de pais frustrados com o seu quinhão na vida. Assim, sem rédeas manipuladoras, puderam optar por vocações, dar vazão a talentos e seguir por sendas que não se prestavam a satisfazer o ego ou as expectativas dos que precisam se projetar em crianças indefesas.

Bem-aventurados os que não são belos. Felizes os que não se conformam aos parâmetros estéticos da sua geração. Essas pessoas precisam vencer os preconceitos mais sutis, que valorizam a beleza da pele e esquecem os valores do caráter. Elas são afortunadas porque precisam de uma têmpera diferente para vencer. Quando se candidatam a um emprego, sabem que não impressionarão pela cor dos olhos nem pelos seios volumosos. Essas pessoas trabalharão com mais afinco, valorizarão o suor que brota pela persistência, pois não vivem iludidas pelo reflexo que matou Narciso. Elas serão amigas de Lia, cuja beleza não se comparava à de Raquel, e entenderão o provérbio bíblico: “A beleza é enganosa, e a formosura é passageira” (Pv 3.10).

Bem-aventurados os deficientes físicos, os meninos com síndrome de Down e as meninas com paralisia cerebral. Suas vidas valem muito para os seus pais; seus sorrisos são valiosos e suas existências, uma constante lembrança de que os padrões da normalidade são mais largos do que essa geração hedonista admite. Eles nos lembram de que nossa existência não é um passeio despretensioso e que não podemos viver na ilusão do eterno prazer. A felicidade dos deficientes que disputam as para-olimpíadas, de Hellen Keller, que, cega e surda, graduou-se em universidade, e Ray Charles, que nos encantou com sua voz maravilhosa, tem um peso diferente do riso soberbo dos ricos e dos poderosos.

Bem-aventurados os que já pecaram, os que já deram vexames, os que já se desviaram da vontade de Deus, mas voltaram arrependidos tal qual o filho pródigo. Esses não têm o coração altivo, não se sentem merecedores de coisa alguma. Vivem dependentes da misericórdia; jamais teriam coragem de reclamar seus direitos. Os perversos mais malignos são pessoas que nunca transgrediram, que jamais erraram; portanto, não sabem como é a dor da maldade, não conhecem a culpa do mal praticado. Mas aqueles que já amargaram o fracasso são felizes, porque celebram a graça; não esquecem que se não fosse o favor de Deus, há muito já teriam perecido. Eles caminham ao lado de Abraão, que mentiu, de Moisés que matou, de Davi, que adulterou, de Pedro, que negou, e com eles repetem: “Suas misericórdias duram para sempre”. Só eles podem dizer, como a virgem Maria: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva” (Lc 1.46-48).

Bem-aventurados os que nunca experimentaram grandes vitórias e vivem sem grandes arroubos. São eles que não nos deixam esquecer que a maior parte de nossa existência acontece no contexto da rotina. Eles são felizes porque souberam viver sem a fadiga dos ativistas cheios de adrenalina. Vivem despretensiosamente ao redor de pessoas amadas e não se sentem obrigados a carregar o mundo inteiro em seus ombros. Não deitam a cabeça no travesseiro para acordar no dia seguinte com olheiras. Eles são felizes porque souberam caminhar pela existência sem desejos grandiloqüentes, sem ambições ou invejas. Eles serão parceiros de João Batista, José, Bartolomeu, Joana, e tantos outros discípulos de Jesus, cujas vidas aconteceram no anonimato.

Bem-aventurados os que não precisam viver uma vida sempre coerente. Eles sabem que estamos sempre em fluxo, que mudamos e precisamos abrir mão de verdades a que no passado já nos apegamos com muita firmeza. Eles não são dogmáticos, intolerantes nem legalistas. Essas pessoas são felizes porque nos lembram que o amor nos tornará incoerentes e imprevisíveis e que o nazismo montou-se sobre uma pretensa lucidez filosófica.

Bem-aventurados os que não sentem a cobrança de uma divindade infinitamente exigente. Eles podem ser eles, mesmos quando se percebem diante de Deus; não se amedrontam por serem imperfeitos ou por carregarem complexos e traumas interiores. Não temem a rejeição de Deus e por isso não precisam encenar uma espiritualidade plástica e afetada. Eles também ouvirão a voz que afirmou Jesus no dia do seu batismo: “Este é o meu filho amado em quem o meu coração está satisfeito”. Felizes os que nos ensinam que viver em intimidade com Deus significa saber que ele está satisfeito conosco e que não precisamos nos provar, pois seu amor não depende de nossa perfeição.

Bem-aventurados os que não se comparam aos poderosos nem invejam os triunfantes. Eles captam o significado do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, e sabem que é falsa a pretensão daquele que alardeia ter sido campeão em tudo. Reconhecem que o poeta está correto quando afirma: “Estou farto de semideuses”. E, em parceria com Pessoa, também clamam: “Quem me dera ouvir de alguém a voz humana”. E, como ele, também gritam: “Arre, estou farto de semideuses. Onde é que há gente no mundo?” Esses serão amigos de Paulo, que mesmo no fim de sua vida, afirmou: “Eis uma verdade digna de toda aceitação; Cristo veio salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.

Assim, os meus novos heróis são pessoas que sempre estiveram ao meu redor e que nunca percebi. Agora vejo que nunca dera conta de que eles são descritos no Sermão da Montanha. Admito que essas constatações chegaram muito tarde em minha vida; contudo, espero que você aprenda a reconhecer os verdadeiros heróis antes do que fui capaz. Se conseguir lhe ajudar nessa tarefa, eu também me sentirei bem-aventurado.

[Ricardo Gondim]

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

[Fernando Pessoa]

Publicado: 16/10/2007 em Sabedoria

O crescimento intelectual e moral não é menos indispensável que o progresso material. O saber é viático; pensar é a primeira necessidade; a verdade alimenta tanto quanto o pão.

Qualquer razão, sem o alimento da ciência e da sabedoria, definha. Compadeçamo-nos tanto dos estômagos como dos espíritos que não se alimentam. Se existe algo mais pungente que um corpo que agoniza por falta de pão é a alma que morre à mingua de luz.

[Victor Hugo em “Os Miseráveis”]

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem uma opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.

Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.

Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo te deixa irritado.

Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.

Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer “oi” ou “como vai?”

Difícil é dizer “adeus”. Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém das nossas vidas…

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.

Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.

Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a consciência acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.

Difícil é segui-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como és e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

[Reverência ao Destino – Carlos Drummond de Andrade]

Afinidade

Publicado: 05/10/2007 em Coisas da Vida

Afinidade é um dos poucos sentimentos
que resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante,
mas o mais sutil, delicado
e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante
e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos
que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro
com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com,
Não é sentir contra,
Nem sentir para,
Nem sentir por,
Nem sentir pelo.
Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar:
apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes
e iguais esperanças.
É conversar no silêncio,
tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação
no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas
(tiradas) pela vida.

[Arthur da Távola]

Nessas horas que eu me lembro
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando
Que eu não sou super-homem
Que eu sou de carne e osso
Que vou passar sufoco
Vou fazer o quê?

Não vou esconder meu choro
Às vezes é mais fácil fingir, eu sei
Fazer de conta que tá tudo bem
Que tá tudo zen
Disfarçar que não tem nada dando errado
Mas eu não sou o superman
Alguém aqui é o superman?
Se não fosse por Você eu jogava a toalha
Tenho visto tanta coisa errada
Nesta estrada
Muito falso herói se achando o tal
Iludido com aplausos, elogios
Com pedestal
Até eu já vacilei
Dei bobeira
Viajei
Esqueci que leva tombo
Como qualquer um
Esqueci que levo tombo
Esqueci que sou “normal”
Alguém aqui é “normal”?

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman

Eu vou insistir em Te acompanhar
Haja o que houver, acredite quem quiser
Mesmo tropeçando eu tô aprendendo
Tô descobrindo que pra tudo existe um tempo
Por isso eu tô na luta, tô sobrevivendo

São nessas horas que eu me lembro
Que às vezes eu machuco
Às vezes me machuco
Explodindo por fora
Explodindo por dentro

Mas eu tô aprendendo
Agora eu tô sabendo
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando
Que eu não sou super-homem
Que eu sou de carne e osso
Que eu vou passar sufoco

Agora eu não esquento
Não vou esconder meu choro
Afinal eu sou um cara comum
Que também leva tombo como qualquer um
Que tropeça, levanta mas não sai da dança
Tropeça, levanta e não sai da dança

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo…

Às vezes é mais fácil
Fazer de conta que tá tudo bem
Mas Você sabe que eu não sou o superman

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman

Música da banda Fruto Sagrado (www.frutosagrado.org ).

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque eles receberão a terra por herança.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.
Bem aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.
Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês”.

[Mateus 5.3-12]

Muitos desprezam a crença em Deus e vivem guiados por sua própria razão. Estão firmados no entendimento intelectual, como se este fosse totalmente eficaz e confiável para todos os fins. Trata-se de uma forma de antropocentrismo.

Salomão escreveu: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” (Pv. 3.5). “Estribar” significa firmar-se, apoiar-se em algo. Quando se monta num cavalo, coloca-se o pé no estribo, que é o ponto de apoio para se tomar o impulso necessário. O mesmo equipamento ajuda no equilíbrio do cavaleiro durante a cavalgada. Alguns automóveis também possuem uma peça com este nome localizada no limiar da porta. Qual é o nosso “estribo” na vida? Em que nos firmamos para fazer nossas escolhas, tomar nossas decisões e determinar o nosso destino? Se nos firmarmos em algo instável, poderemos ser vítimas de uma queda perigosa ou até fatal. Será que a razão humana pode proporcionar apoio suficiente para garantir nosso êxito em todas as áreas?

Os Limites da Razão

O raciocínio é poderoso, porém limitado. O universo, a vida e a morte não podem ser explicados pelo homem. A mente possui uma capacidade impressionante para processar informações. Entretanto, não temos à nossa disposição todos os dados sobre todos os assuntos, principalmente no que tange à espiritualidade. E quando recebemos algum conhecimento nesse sentido, faltam-nos parâmetros de avaliação, pois a nossa lógica está restrita a elementos terrenos.

Até no campo natural, estamos bastante limitados, apesar dos avanços, descobertas e invenções. Os cientistas têm muitas teorias sobre os mais variados assuntos que, muitas vezes, são apregoadas como verdades absolutas. Entretanto, em alguns casos, são apenas especulações. Incluímos aí as teorias sobre a origem da vida, a teoria da evolução e outras que pretendem explicar o comportamento humano. A verdade é que o homem não conhece muito bem a si mesmo. A falta de conhecimento limita a eficácia do raciocínio. Isto não significa que possamos desprezar a razão. Afinal, foi Deus quem no-la deu para que fôssemos superiores às demais criaturas terrenas. A ordem de não se estribar no entendimento não significa que devamos desprezá-lo. Entretanto, é necessário que compreendamos que existe o campo da razão e o campo da fé, embora haja uma considerável interseção entre ambos.

Conciliação Parcial

Fé e razão caminham juntas até certo ponto. Daí se falar em “culto racional” (Rm. 12.1) e “razão da esperança” (1Pe. 3.15), passíveis de explicação e compreensão (Pv. 1.2; 1.6; 2.5; 2.9; 14.8). A fé não pode ser uma crença cega em qualquer afirmação que se faça a respeito de questões incompreensíveis ou coisas invisíveis. Se assim for, voltamos à estaca zero, acreditando em falsas teorias “científicas” e todo tipo de heresia.

A fé autêntica é a crença e a confiança em Deus, de acordo com o que a Bíblia ensina. Se Deus falou, por mais estranho que seja, acontecerá (ou já aconteceu), pois ele é fiel e poderoso para cumprir sua palavra.

Como podemos confiar assim na bíblia, descartando outras idéias sobre divindade e espiritualidade? Em primeiro lugar, podemos crer porque aquilo que a bíblia diz funciona. Mediante a operação do poder de Deus, conforme promessa bíblica, os enfermos são curados, os cegos enxergam, os paralíticos andam e vidas são transformadas para a prática da justiça através do amor. Estes sinais dependem da fé (Mc. 16), mas, olhando no sentido inverso, a fé é justificada e fortalecida pelos sinais.

Viver pela fé não significa confiar em ilusões, pois temos testemunhado os fatos que ela produz, sabendo que “a fé sem obras é morta” (Tg. 2.26). A ação de Deus é real na vida de todo aquele que crê. Quando vemos os resultados da fé, então a nossa razão toma conhecimento dos mesmos e, embora não possa explicá-los, também não pode negá-los.

Andando apenas pela razão teremos firmeza aparente, mas não iremos muito longe nas questões espirituais. Em nossa vida com Deus, podemos até entender o próximo passo, mas não temos como compreender todo o caminho (Pv. 20.24). Por isso, precisamos da fé.

Podemos comparar a razão às rodas do avião, enquanto que a fé é comparável às asas. Estar no solo pode ser necessário e seguro, mas não deve ser o lugar definitivo para uma aeronave.

Enquanto for possível, nossa fé será coerente com a razão. Contudo, não será controlada por ela. A fé não dependerá da razão, irá além.

Geralmente, trabalharemos dentro do chamado “bom senso”, mas até este elemento pode significar um condicionador racional e incrédulo por se tratar do lugar comum, fundamentado naquilo que é aceito e compreendido pelo homem natural. O caminho da fé pode nos levar a fazer algo aparentemente absurdo por causa de uma ordem de Deus. Foi o caso de Noé ao construir a arca. Em situações extremas como essa, é imprescindível uma ordem direta de Deus, de modo que não haja nenhuma dúvida. Entretanto, algumas pessoas fazem loucuras em nome de Jesus sem que Ele tenha mandado. Nesse caso, a razão e a fé foram abandonadas e a presunção tomou o seu lugar.

Por exemplo: se Deus disse que certa pessoa vai evangelizar várias nações, ela deve apenas crer, mesmo que não tenha dinheiro para ir ao bairro vizinho. Quando Deus disse que Sara teria um filho, ela riu, porque usou primeiramente a razão. Abraão usou a fé, e este foi o fator determinante para o nascimento de Isaque. Quantos estão rindo da nossa fé! Esperamos que eles também sejam alcançados, transformados e experimentem o poder de Deus.

Enquanto for possível, devemos conciliar a fé e a lógica. Se quisermos contrariar a razão sem que tenhamos uma palavra de Deus como fundamento, incorreremos em fanatismo. Se abandonarmos a fé para atendermos exclusivamente à razão, cairemos no racionalismo e na incredulidade.

A Razão pode se tornar Obstáculo à Fé

Aquele que crê em Deus não está imune ao uso indevido da razão. Quando o Senhor nos dá uma ordem, principalmente através dos mandamentos bíblicos, usamos a razão para compreender o que fazer. Entretanto, ela pode nos atrapalhar quando tentamos entender o porquê daquela ordem ou os motivos de Deus. Esse tipo de raciocínio pode nos conduzir à desobediência. Quando Deus mandou construir a arca, Noé não questionou a ordem divina. Apenas tomou as providências necessárias ao seu cumprimento. O fator decisivo foi que ele andava com Deus, conhecia o Senhor, sabendo exatamente quem estava mandando.

Quando colocamos a razão em primeiro lugar, criamos obstáculos à operação de milagres. Pela fé, estejamos certos da ação de Deus em nossas vidas, não tentando descobrir como ou porque Deus vai agir.

Somos como crianças diante dEle. Imagine se os filhos dependessem de compreender todas as ordens de seus pais em todos os seus detalhes? Se, para comer verduras, o filho precisasse fazer um curso de nutrição, teria sérios problemas. Entretanto, o filho conhece o pai e por isso confia e obedece.

Os ateus percebem o limite de sua dependência da razão quando se encontram num leito de enfermidade. Deus tem suas maneiras de convencer o homem. Nessa hora, pode ser que alguns se rendam à necessidade da fé. Entretanto, não é necessário esperar por isso. Renda-se ao Senhor enquanto é tempo, sabendo que a nossa vida é tão breve e que cada um de nós é um ponto insignificante no universo, embora sejamos valiosos para o Criador. Como poderíamos, com a nossa razão, compreender Deus ou negar a sua existência? Apesar de nossa condição limitada, está ao nosso alcance uma série de evidências que testemunham sobre a realidade de Deus.

Confiança no Senhor

“Confia no Senhor de todo o teu coração”, assim como uma criança confia no seu pai. “Não se turbe o vosso coração”, disse Jesus, “credes em Deus; crede também em mim” (João 14.1). Descanse no Senhor, mesmo não compreendendo a situação atual. Creia que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8).

A confiança em Deus não elimina a oração. Pelo contrário, é por confiarmos no Senhor que levamos a ele os nossos pedidos. Em seguida, precisamos aprender a usufruir o descanso que a confiança proporciona. A criança confia no pai e por isso descansa, não se preocupando com o alimento do dia seguinte.

Quando entramos em um ônibus e dormimos, estamos confiando nossas vidas aos cuidados do motorista. Confiemos em Deus, entregando-lhe a direção da nossa existência. Confiança é um dos aspectos da fé. Contudo, confiar é mais do que crer. Confiar é entregar-se.

O descanso daquele que confia não deve ser confundido com negligência. A confiança no Senhor não serve como desculpa para a preguiça. A fé conduz à ação e não à inércia. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e depois descansar em Deus, confiando que ele cuidará daquilo que nós não podemos fazer.

A razão do enfermo lhe diz que a morte é certa. Pela fé buscamos a cura.
A razão pode produzir desespero. A fé produz esperança.
A razão avalia as circunstâncias. A fé se baseia na palavra de Deus.
A razão anuncia a derrota. A fé proclama a vitória.

[Autoria: Anísio Renato de Andrade]

O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.

O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.

O amor maduro é sólido e definido.
Mas estranhamente se recolhe quando invadido pelos problemas da infelicidade que fazem a glória do amor imaturo.

O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar.
É o sentimento que se manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de ciúme, controle ou agressividade.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.

O amor maduro não precisa de armaduras, coices, cargos, iluminuras, enfeites, papel de presente, flâmulas, hinos, discursos ou medalhas: vive de uma percepção tranqüila da essência do outro.
Deixa escapar a carência sem que pareça paupérrima.
Demonstra a necessidade sem que pareça voraz. Define uma dependência sem que se manifeste humilhante.

O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ela transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.

É o sol de outono: nítido, mas doce.
Luminoso, sem ofuscar.
Suave mas definido.
Discreto mas certo.
Um sol, que aquece até queimar.

[Arthur da Távola]

Desejo

Publicado: 17/09/2007 em Pérolas, Sabedoria, Vivendo e Aprendendo

Desejo, primeiro, que você ame,
e que amando, também, seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E esquecendo não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
mas se for, saiba ser sem se desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
que mesmo maus e inconseqüentes,
sejam corajosos e fiéis.
E que em pelo menos num deles
você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos;
nem muitos, nem poucos,
mas na medida certa para que, algumas vezes,
você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
mas não insubstituível. E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante;
não com os que erram pouco, porque isto é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente.
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você sendo jovem
não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer.
E que sendo velho não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste;
não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência,
acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
alimente um cuco e ouça o João-de-Barro erguer
triunfante o seu canto matinal.
Porque assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
por mais minúscula que seja, e acompanhe seu crescimento.
Para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
coloque um pouco dele na sua frente e diga “Isso é meu”,
só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum dos seus afetos morra,
por ele, e por você, mas que se morrer, você possa chorar
sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo, por fim, que você, sendo um homem
tenha uma boa mulher.
E que, sendo uma mulher, tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte.
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer
não tenho nada mais a te desejar.

[Victor Hugo]